Prisão sem fuga, sem muros, sem portas....
Nada contra ou a favor do Signore Francesco Schettino, o comandante do sossobrado (palavra interessante...) Costa Concordia. A rigor, a raiva da maioria dos passageiros, dos proprietários e acionistas da americana Carnival Lines (dona da Costa Crozière) e da turma da Capitania dos Portos italiana é compreensível.
Enfiar 115.000 toneladas de aço e plástico com 4.000 pessoas a bordo contra rochedos (mapeados?), desviando um pouco da rota (sim, ele tem o direito de fazer isso, é o comandante), para aparentemente ser simpático com o chefe dos garçons e outro ex-comandante da Costa, ambos de Giglio, bem, é complicado.
Entretanto, culpado ou não, sinto enorme pena do camarada. A questão jurídica posterior, condenação e eventuais outras encrencas a ele nessa altura já não são mais importantes. Sua prisão, diria perpétua, agora é a própria mente.
Em menos de 40 minutos a vida desse sujeito e relativamente inexperiente comandante (na ativa desde 2006), para si tornou-se aquilo homens chamam de “inferno pessoal”.
His very own personal prison lacking walls and gates, free to walk around and not knowing where to go... ( Ab. Lincoln )
A marinharia antiga e moderna tem um código terrível para tais atos, no caso de certa negligência ou imperícia de comandantes causando imensos danos: seguir ao fundo com a nave. Não escrito, coisa consuetudinária.
O capitão do Titanic não titubeou, certa confiança excessiva em seu novo navio e nos observadores de icebergues foi fatal. Assim o capitão do Bismarck, Lindemann, observado pelos ingleses que o afundaram, permanecer saudando em continência no convés, enquanto a água o engolia. Nesse caso até discutível, pois diante de inimigo muito potente, não era exatamente um erro o que havia feito.
Alguns porém agüentam o tranco, culpados ou não, como o capitão do Exxon Valdez. Bêbado em 1989 conduziu o petroleiro contra rochedos no Alasca, derramou muito petróleo, a multa foi de 9 bilhões de dólares para a Exxon. Porém pleiteou inocência, dizendo haver tomado apenas três drinques antes de subir a bordo, falha de instrumentos e assim por diante. E hoje trabalha como consultor marítimo para uma empresa pertencente a seu advogado.
Pelas fotos menos confiante, todavia Francesco Schettino nas declarações tenta manter-se próximo de algo como “não culpado”, fatalidades ocorridas e assim vai.
Porém penso a prisão fechou as portas inexistentes, sua alma, sendo culpado ou não, será seu juiz.
Não o invejo.