Estranhos impulsos?
Ouço a história de jovem rapaz, comprometido em apenas dias de casamento com criatura adorada por sua família. Diz o relator o jovem recebeu a visita da gerente-de-conta de banco, 15 anos mais velha, para assunto menor, algo como melhorar exposição em investimentos, plano de previdência privada e similar.
Conversaram, preocupado com o chefe já a olhar feio, por não aceitar bem visitas ao pessoal em trabalho.
Por fim levou a gerente ao elevador e dentro, suando, disse à senhora (informe-se aqui preventivamente ser uma maravilhosa voluptuosa gostosa, assim a fofoca).
”Perdões se o digo, mas eu não estou me controlando e preciso confessar que jamais senti tamanho tesão por alguém como pela senhora. Não sei o que me deu em dizer isso, mas estou, apesar de só a conhecer fazem 10 minutos, doidamente apaixonado por você (já mais íntimo). Sou homem casado, tenho tudo a perder. Mas não pude evitar. Me perdoe, novamente.”
Algo assim.
O desfecho é inusitado, a gerente largou o marido, o rapaz a jovem esposa. Hoje vivem juntos. Pelo que entende o relator, bem felizes.
Pessoalmente não acredito nisso, talvez algo ultra-excepcional, todavia pouco provável.
Conversando com meu já falecido sogro sobre um de seus melhores livros, entre os muitos escreveu, citei a ele a passagem de um encontro de dois estranhos nesse volume. Em um caminho por roças no interior catingueiro da velha Bahia, onde, rara chuva caindo, sem troca de palavras, ocorre o embate sexual consentido pelas partes, de forma quase violenta.
Ousei comentar achava aquilo pouco provável, nunca havia nem ouvido falar isso poder ocorrer, excetuados estupros. Com a cara séria, e eu sabia quando falava sério, foi relativamente curto:
“Acontece e eu sei disso.”
Ainda, timidamente, perguntei:
“Foi consigo, é?”
”Com quem mais seria?”.
Fim do diálogo.
Conta minha mãe, e eu duvidava, nos ataques aéreos às cidades alemãs, homens e mulheres totalmente estranhos sentados em bunkers escurecidos, atracavam-se em seções eróticas terríveis, ignorando às vezes os circunstantes e as bombas explodindo.
Terminado o ataque e sobreviventes à situação, mal se despediam, envergonhados. Anos depois leio em livro sobre o assunto, o tal “Luftkrieg”, o ato não seria incomum, sem grandes distinções de idade, aspecto, estado civil, etc.
Algo, com mil perdões, rapidinha necessária antes de um trágico final.
Fiquei pensativo com o assunto. Jamais me ocorreu.
Mas é parte de nós, pelo visto. Somos assim.