Frases duvidosas
Ao passar dos anos, coleciona-se um emaranhado de frases em alguma análise mostra-se bem interessante. Por sua precisão. Ou ingenuidade e talvez em alguns casos discriminação.
Mas de uso corriqueiro, convivemos com as ditas, as frases, sem nos perdermos em maiores detalhes sobre o significado.
Indiscretamente ouvi entre duas senhoras conversando na praia, de uma delas, a sugestão " fique bem bonita para seu marido ".
Raro entre os homens a afirmação: preferem asneiras como " minha beleza está na minha carteria " ou, nojentamente, batendo contra a barriga avantajada " elas gostam mesmo é desse meu calo do amor... ".
Ambas são de certa ingenuidade, pois mesmo cheio de bufunfa, o que " embeleza " o homem ou mulher não é o verde monetário, nem a cor de seus olhos, jóias ou maquiagem; mas o ser em si. A criatura como um todo.
O aspecto pode ser de Quasimodo ou Madame Mim, se a comunicação, o carinho e o respeito estão de bom padrão, não há erro.
Voltando à praia, e às frases das duas senhoras, pensei o quanto ainda somos atrasados em certos aspectos. " Ficar bonita para o marido...". E o tanto se gasta com isso, de pinturas, cirurgias, roupas caras, academias de ginástica, terapias, até comportamentais.
Lembrei de outras duas senhoras, ambas em períodos próximos, não só por isso, mas seguramente parte disso, talharam-se todas para criar aspecto retrabalhado. Cortaram os peitos, as barrigas, recolocaram em outros meridianos. Sofreram o cacete, no mau sentido, para agüentar a tortura pós-operatória.
Tentaram talvez ficar " bonitas para os maridos ", entretanto o destino fez ambos os mancebos se agregarem em outros ninhos.
Ficaram bonitas (a rigor já eram, portanto a temática talvez fosse distinta), porém a frase ficou vazia.
Andam sós, com suas barrigas esticadas e peitos de meninas.
Desejamos algo e imaginamos diferente logo em seguida; e nada se completa.
Somos assim.