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Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Perdedor?

Por essas razões familiares, sempre me coloquei ao lado dos chamamos pejorativamente e injustamente de "perdedores". Me entendo bem com essa classe humana, mais perceptiva e sensível. Muito bem até.

As motivações são simplórias, todavia decisivas. Os pais imigrantes, com o sempre presente manifestado desejo do retorno e certa natural resistência àquilo diferente do costumeiro europeu, viam nos filhos algo dos nativos, mormente o menos positivo.

Depreciava-se de forma quase inconsciente, com críticas por usarem de palavras da língua local quando falavam com os pais no idioma original desses. Ridicularizava-se o apreço pela comida diferente das carnes cozidas, molhos e batatas. E tudo aquilo relembrava aos que vieram, os filhos aqui nascidos serem, pois é, como "eles", os nativos.

Corruptos, preguiçosos, violentos e "perdedores".

Discretamente, porém como escrevi, decididamente parte da complexa e às vezes impossível adaptação do imigrante.

Os locais eram os "perdedores", apontava-se qualquer falha como razão para taxar dessa fora, a ponto em certo momento verificar de fato seriam essas criaturas a razão até de certo infortúnio.

E no passar dos anos conheci muitas e por elas tenho grande apreço.

Do grande acadêmico cheio de títulos e idéias, sucumbindo aos etílicos até a morte, substituto suave do inadmissível porém claro "não sei fazer". Do empreiteiro admirador das grandes mutretas da construção civil para governos, ávido por participar, porém pendurado em empréstimos, com obras mal-pagas e garantido pela esposa trabalhadora.

Os eternos estudantes, temerosos de dependerem de sua força trabalhadora e habilidades, procrastinando com mais um curso, mais uma extensão.

O comerciante de automóveis, sempre reclamando da falta de "escala", dos financiamentos difíceis, da concorrência suja das revendas, consciente sua habilidade ser a maior, porém pouco reconhecida.

Do eterno sócio, com grandes planos e desejos, importando exatamente aquilo o mercado necessita, mas naquele instante não ser aceito, por custos, impostos, etc. Do agente, conhecedor a fundo de todos os mercados, vendendo algo naquele momento, mais uma vez, ninguém necessita. Porque estão desinformados os compradores, claro.

E até do consultor empresarial, elo indicador de como e onde fazer, da maneira trazer o nirvana ao seu negócio, todavia em tempos de baixa, pouco ser solicitado.

Me incluo entre eles, curiosamente, apesar de menos tropeços nas intempéries da vida. As palavras dos pais confirmariam, com declarações como "nem tente, falta-lhe o gabarito" ou afirmativas tipo "fale corretamente a língua dos seus pais antes de detonar asneiras" ou o constante, "lá, em nossa terra, isso que faz seria inadmissível..."

Vejo-me perdedor.

Sou assim.

Americanos tem quase uma questão "racial" com ganhadores e perdedores (losers e winners). Melhor por lá chamar alguém de veado do que perdedor...

Comentários (clique para comentar)

- 11/11/2011 (16:11)

Se trabalhar e agir conforme a ética nos leva a ser perdedores, assim prefiro pois nada como deitar a cabeça no travesseiro e dormir um sono honesto.

- 07/10/2011 (10:10)

Thomas, poupa a gente dessa bobagens suas. Escreve mais sério ou não escreve.

- 07/10/2011 (10:10)

Fradinho perdedor? Ele deve estar endoidando. Ricardão dizia que o gordinho era o mais competitivo que já tinha conhecido. Ele deve estar ficando velho.

- 05/10/2011 (16:10)

HA! HA! HA... Não acrdito...