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Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Desconfiança

Talvez das heranças genéticas piores me acompanham ser a zorra da desconfiança e descrédito. Sofro com isso, muitas e várias vezes seguidas estou enganado, me envergonho e com os anos aprendi a desconfiar, porém em silêncio.

O maior descrédito meu surge quando alguém se descreve como “profissional”. Em 99,9% dos casos quando tal ocorre, azar no destino, tomei as famosas pauladas. Fossem financeiras, morais ou até sentimentais.

Em casos críticos, por exemplo, médicos, se o sujeito quando questionado diz “escuta aqui, eu sou profissional!”, caio fora imediatamente, jamais retorno. Se por outro lado o doutor disse, “bem, vamos ver o que há e tentar resolver”, já me sinto em paz.

Entendo um pouco a razão da pesada genética. Pais são sobreviventes do conflito 1939 – 45 onde os “profissionais” mostraram-se da mais absoluta incompetência, resolvendo apenas na burra bala com assassínio de inocentes. Diziam-se políticos profissionais...

Mas lendo os jornais de hoje, o velho sintoma da desconfiança ressurgiu com esse estranho caso Carrefour-Abílio Diniz-Casino.

A história está muito certinha para meu gosto. Inicia-se com ninguém sabendo nada, o velhinho-jovial Abílio, em minoria acionária, não é recebido pelos diretores da Casino, seus sócios majoritários em Paris. E logo em seguida o BNDES aprova para a globalização da associação Pão de Açúcar – Carrefour um empréstimo pornográfico de 4,5 bilhões de reais.

Rapidamente a Casino denuncia tudo, com anúncio imenso no jornal, dizendo isso e aquilo, medidas cabíveis, etc.

Ou seria apenas forma para disfarçar a entrada da Casino francesa no Carrefour, via Pão de Açúcar e contornar eventuais problemas jurídicos de monopólio na França, além de dar a testa a Walmart, os maiores do planeta?

Abílio Diniz pode ser um grande “player” em termos de Brasil, mas globalmente Casino e Carrefour jogam com raquetes maiores e bolas mais ligeiras.

Saberemos em breve, se de fato o BNDES financiar a fusão e Abílio, mesmo associado aos concorrentes levar adiante.

E Casino deixar assim como que para resolver mais adiante, porém via Brasil participando no capital Carrefour, discretamente.

Uma fusão de “profissionais” franceses, com jeitinho brasileiro.

E talvez, desconfio, o gigantismo da união pode levar a certa melhor exploração do potencial consumidor brasileiro e frances; a agradar diretores e acionistas das três empresas. Não é isso que importa?

Carrefour e Casino unidos via Diniz? Provavelmente estou enganado, seria novamente a sina da minha desconfiança.

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