O preço do silêncio.
Hoje recebo pelo correio um anúncio para " Aprender a falar em público e a conversar sem medo ".
De fato é algo necessito, tenho lá minhas dificuldades com isso. Falar em público, penso eu: só bêbado. Admiro os políticos por isso, pois além de falarem dessa forma ainda têm o privilégio de saberem mentir, para tantas pessoas. Acredito Churchill dizia ser a política "a arte do bem mentir."
Quando verifiquei quem me enviava, deparei com Reinaldo Polito, Curso de Expressão Verbal.
Comecei a rir, a lembrar caso que presenciei, relativamente a esse sujeito. Seu famoso curso e livros eram nos anos 1990 uma espécie de padrão, para como falar bem. Um grande amigo, tanto tímido todavia com vontade de quebrar essa barreira, fez o curso. Porém não enveredou pela coisa pública.
Já eu comprei o livro, curioso. E várias vezes observava a foto do Polito, acabei fixando na mente.
Certo dia indo ao restaurante Massimo, na Alameda Santos aqui em Sumpa (bom à época, hoje dizem não é mais grande coisa) com minha companheira, na mesa ao lado, vejam só: Sr. Polito.
Pedimos os pratos, conversamos, mas observei que o casal Polito e sua companheira nada diziam, silêncio sepulcral.
Comentei com a esposa.
E no caminho de volta a casa, acendeu-me a luz.
Claro, para quem ensina os outros, durante muitos dias, e o dia todo, a falar, o grande lazer sem dúvida é o silêncio. Não falar.
O singelo acordo pelo visto aceito pela esposa ou amiga o acompanhava ao restaurante.
Aquele ensina outros a falar no fundo adora o silêncio.
Somos assim, bem controversos às vezes...