Capitalismo aéreo
Excetuada a lógica do máximo proveito como regra capitalista da primeira ordem, não há normalidade no que se cobra em vôos domésticos, Brasil afora. Um vôo nacional com sua segunda pior linha área (na verdade há duas dominantes, as piores; e algumas outras menores, também péssimas em média, com os comuns atrasos, atendimento horroroso e indiferente), bem, de São Paulo a Ilhéus na Bahia, com retorno 4 dias após, fica por apenas R$ 1.370.
Só 137 reais em 10 vezes...
Equivale o total a 2,51 salários mínimos, se pago à vista. Pode ser dividido em várias parcelas como citado, não sei o que se cobra de juros. Porém se for no sistema das grandes varejistas, o preço à vista para aqueles que se aventuram a tal já deve embutir todos os custos de inandimplência daqueles que parcelam; e alguns muitos deixam de pagar.
E pelo que verifico aqui num mapa específico, distância média de ida e retorno desse vôo por volta de 3.600 km.
Em sistema interessante, pode-se atribuir o valor de 0,697 salários mínimos por 1.000 km viajados em terra brasilis, nos horários chamaria humanos, sem escalas em Manaus na madrugada, para ir de São Paulo a Riberão Preto...
Assim faria a apresentação dos valores o bando de economistas que tudo sabem. Sabem depois, é claro.
Para ir a Madri, a coisa muda um tantinho. São US$ 1.150 para um vôo ida e volta, o que equivale a 1.800 reais aproximadamente; ou 3,29 salários mínimos. Entretanto usando o sistema do economista, 0,165 salários mínimos por 1.000 km.
Ou seja: simples vôo nacional é por km 4,23 vezes mais caro que um vôo de longa distância internacional, pelo mesmo km.
De 1982 até 2003 aproximadamente, a regra de aço que conhecia, e era razoável, pautava-se em 0,28 salários mínimos por 1.000 km em vôo nacional.
Depois a regra de prata e agora de ouro das companhias aéreas tomou espaço e temos o número citado de quase 0,7 salários por 1.000 km.
O motivo é óbvio: a divisão do mercado em "shares" (como dizem os economistas) iguais, quase 1/2 a 1/2, sem colisões. Ajustado em total conivência com as autoridades regulamentadoras e fiscais, somente interessadas nos impostos. E os preços a) para cima e b) sem grandes diferenças entres as companhias.
Diante do desinteresse no mercado internacional, pela concorrência mais acirrada de preços meio livres de companhias "estrangeiras", excluem-se discretamente, desse sistema com seus menores preços por km...
A ganância capitalista é algo interessante, pois deixa uma alternativa ao miserável: não é obrigado utilizar o sistema.
Pague, se quiser...
A visualização disso hoje no Brasil com seu emergir entre os demais, é um tanto chocante. Todos querem pagar, mesmo não tenham o numerário. Todavia concretiza-se a realização de um imenso desejo coletivo. Cuja mágica o capital tão bem conhece: consumir!
Chegamos lá, quando vejo na pequenina empresa onde trabalho já haver disputas por vagas de estacionamento, a maioria produtiva seguir às cidades do Nordeste no jatão.
E no horário do almoço, com seus cartões-refeição, se acertam com entregas de lanches por moto-boys...
Complicado, pois na outra ponta, os "emergidos" novamente repensam o sistema todo... Excesso de consumo, pressão ambiental, insatisfação... São assim.