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Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Perguntas e respostas

Talvez piadas de perguntas reflitam melhor a síntese de certo humor, digamos, matemático. Às vezes a pensar.

Como no encontro do cliente com o advogado, esse primeiro perguntando:

- "Doutor, posso lhe fazer duas perguntinhas?" receber como resposta, - "Sem dúvida, e qual é a segunda?"

Mostra com certa dureza a realidade de uma advocacia bastante comum nos dias de hoje, centrada quase exclusivamente no ganho financeiro.

Lembro de certa tira de desenhos, onde o viking Hagar, O Horrível, vê imenso castelo e pergunta de quem seria:

- "De seu médico, Hagar!".

Impressionado, segue seu caminho e observa castelo maior, majestoso ao extremo.

E questionando novamente, houve a resposta:

- "É do advogado de seu médico..."

Enfim: perguntas e repostas.

Que remetem às mais inteligentes formulações jocosas como as de árabes, israelitas, armênios e demais povos daquela região conturbada. Talvez pelo machismo, teocentrismo antiquado e ritos sumários um tanto atrasados, certa válvula de escape ao rigor excessivo sejam os chistes.

Por isso ao perguntar-se a um israelita, na sua maioria judeus, a razão de sempre responderem a uma pergunta com outra, a resposta seguir:

- "E porque um judeu não deveria responder uma pergunta com outra pergunta?"

Enfim, perguntas são determinantes nas anedotas; e importantes para seu bom sucesso as respostas.

A fina composição é que dá a boa piada.

Sigmund Freud tem a si atribuídas algumas, piadas de metier, como por exemplo esclarecer que homens respondem e terminam a psicanálise em menos tempo, pois o "retorno à infância" não é problema, já que nunca dela sairam...

Perguntaram certa feita a ele se em sua vida profissional tinha momentos de indecisão.

Respondeu:

- "Indecisão, bem, não sei, talvez, o que deveria eu dizer sobre isso, tenho? Não tenho?"...

Precisamos da boa piada. Globalmente gosta-se da piada política, mas aqui pelos muitos anos de repressão e conseqüente medo da classe política, e seu "pudê", sejam militares no passado ou sindicalistas do presente, em sua ira sempre presente, vingativos, a piada política quase inexiste. É o código não escrito, tememos a fúria legislativa, fiscalizante, policialesca sem lei, quase não fazemos piadas de cunho político. Os jovens desconhecem, quase na totalidade.

São piadas segundo meu pai, como dizia nas épocas de chumbo por aqui, "menos freqüentes que no III Reich..."

Somos assim, tememos a política, por isso poucos a fazem.

Com péssimo gosto em alguns casos, como essa me manda um amigo hoje informa que está pensando em separar da segunda esposa...

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