Uma banana
A foto tem 53 anos. O cavalheiro sentando é quem lhe escreve, ao lado a diligente, até hoje, irmã do alto de seus 4 anos e, à direita, a avó recém-imigrada ao Brasil.
Porém não se adaptou e logo em seguida retornou à Alemanha. Os trópicos não agradaram à já senhora de mais de 60 anos, curtida por duas guerras.
O curioso da foto é a inclusão da penca de bananas, a demonstração da abundância do "novo mundo"...
Contava minha mãe que ao chegar por cá em 1952, no seu primeiro emprego como secretária de uma casa comercial alemã, à hora do almoço pedia ao menino de escritório, Vicente, que buscasse uma banana da feira e um pãozinho com queijo do boteco próximo.
Esse o fazia durante algum tempo, até o dia no qual, constrangido, pediu à minha mãe não solicitasse mais o fruto em peça única.
A razão era intrigante, não se vendia nem se vende uma única banana no Brasil. Meia-dúzia ou dúzia.
Uma só é dada.
Só que ao pedir todos dias na feira próxima a solitária fruta, o barraqueiro desconfiou e achou que o esperto estava se alimentando gratuitamente.
Comprava então meia-dúzia, mas o acúmulo ficou engraçado, não havia consumo para tal. Aborreceu-se com o desperdício, humilde era.
Daí o apelo parar-se com aquilo...
Banana única não se vende. Somos assim.