Foto do Hermógenes

Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Tsunamis pessoais

A vida das pessoas em alguns momentos também passa por verdadeiros tsunamis, ondas gigantes de proporções inestimáveis com suas boas ou más conseqüências nos inundam. Por esses tempos observo, privilégio de mais idade, o comportamento de alguns próximos e verifico o quão errático e controverso pode ser. E como somos afetados pelas questões às vezes não importantes aos demais.

Mas a nós derrubam, trituram e esmagam.

Podem ser reunidas em poucos tópicos:

a) Perda da ocupação principal.
b) Procrastinação constante.
c) Insatisfação com o próprio desempenho.
d) Individualismo egoísta.

A perda da ocupação para a maioria é o ato mais, com perdões, digamos brochante. O vazio das interrompidas ligações sociais no emprego, o sentir-se útil, receber por isso e ter os horários, a obrigação à rotina e o desenvolver com começo, meio e fim das tarefas. Um choque, demorado. Resolve-se com novo emprego? Nem sempre...

Na procrastinação constante, o mal maior. Depois resolvo, amanhã faço; levando à poderosa sensação de algo incompleto, sempre. A desvincular-se do cotidiano real, sabendo ninguém cobrará, pois de antemão avaliar-se, bem, desse ou dessa nada pode se esperar.

A insatisfação com o próprio desempenho, dizem é motivação para melhoras. Será? Tão presente em nossa moderna sociedade, alguns se atiram a malucas jornadas, seja trabalho, ginástica, viagens ou ligações sentimentais das mais diversas, porém sempre insatisfeitos.

Individualismo egoísta, a caminhar com a procrastinação. Em acreditando deixar para depois, na dúvida, o necessário e imediato deve ser protegido com unhas e dentes. Sem dividir.

Há formas de combater? Dizem haver; terapias e a bobagem do momento, o tal “coaching” *, como se fossemos todos esportistas americanos de primeira linha, por onde surgiu o termo, por hora ampliado até para o infeliz passou à cadeira de rodas após acidente... com idiotices como agora você será um verdadeiro campeão

Não sei de histórias de sucesso a combater-se esses males do momento (ou de sempre, penso), excetuadas as sessões de psicanálise por longos anos, com o que chamam em alguns casos de cura e o conseqüente término.

Mas raro, muitos marcham ao analista por anos e anos, acostumam-se ao processo, tornam-se dependentes.

Somos assim.

* Algo como "em treinamento".

1 Nossos tsunamis pessoais são também difíceis de prever e conter.

Comentários (clique para comentar)

- 01/04/2011 (14:04)

Obrigado, vamos aprimorando.

Dão - 31/03/2011 (15:03)

excelente!!!