Adeus Thomaz Farkas
Algumas vezes encontrava em pequeno supermercado, próximo de casa. Com acribia lia os rótulos de laticínios, um tanto curvado. Os anos nos curvam, isso é fato.
Até a alma fica torta, sinto isso.
De qualquer sorte ficava tentado a puxar papo, mas a dedicação às etiquetas impressas e seu atento estudo criavam o bloqueio.
Sou grande admirador de sua arte. Talvez nosso maior expoente aqui pelos trópicos. Retratava e filmava com a visão do conhecedor encantado com gentes e paisagens.
Comprei seus livros, admirei suas fotos no Cultural Vergueiro, tentei inspirar-me. Mas algo é o talento; o demais é trabalho com frustração. Infelizmente fico pelo segundo.
Leio hoje que faleceu, aos 86 anos, após pneumonia e longos dias de hospital. Dispensado para ir à sua morada. Sou amigo de uma sua filha, o genro e netos. Somos vizinhos pelo país afora, curiosamente.
Meus sentimentos e o lamento pela inestimável perda, porém como tênue alento fica a formidável obra de nosso maior fotógrafo, Thomaz Farkas.
Raros homens têm esse privilégio. São assim