Foto do Hermógenes

Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Em tempos de catástrofes...

Aquela ilumina o caminho da minha vida, com facho forte, promoveu um tsunami, digamos, literário em nossa casa, rearranjando livros e estandes. A questão principal nesse procedimento, ao ver os livros todos, é resistir a não sentar e folhear, reler, divagar e sonhar.

Desde grandes autores como Machado de Assis a Hemingway a pequenos livros de história, da minha infância, cuidadosamente guardados. Centenas, coleções, coletâneas, enciclopédias, dicionários, guias de viagem, sobre guerras, descobrimentos, romances, policiais, em inglês, francês, alemão, espanhol e a maioria na inculta e bela.

Dentre eles achei dois que refolhei, encantado.

Um volume ilustrado de Jörg Friedrich, “Der Anblick des Bombenkriegs” ( A vista da guerra das bombas ). O historiador alemão é o primeiro a mostrar como mais de 600.000 alemães sucumbiram aos ataques aéreos dos aliados. Não aponta culpados nem se penaliza com vítimas. Historiador objetivo, reúne fotos desmoralizam a “arte da guerra”, como hecatombe desnecessária. Vendo os acontecimentos no Japão com a onda devastadora e a bagunça nuclear, o livro é atualíssimo, mesmo que o caso seja de origem humana, a guerra. Não sei se já traduzido, todavia seria interessante. A distribuir em escolas mundo afora, para mostrar as conseqüências da idiotice política, infelizmente ainda impera.

Outro livro fascinante, para mim, da autora Sabine Bode, “Die vergessene Generation” ( A geração esquecida ), relata as dificuldades dos filhos de pessoas passaram a guerra de 1939 – 1945, nascidas durante o conflito ou até 1960 e a compreensão daquilo o nazismo com sua ideologia descabida e assassina fez às mentes daquela e seguinte geração.

Onde me incluo.

Trechos leio concordando com aceno da cabeça, às vezes rindo. Às vezes pensativo. Mereceria uma tradução, há muitos de nós por essas bandas piratiningas, não só de origem alemã, mas européia em geral e do distante Oriente, menos fixados à questão racial e extermínio, tinham porém fascínio pela doutrina disciplinar nazista e prussiana. As conseqüências são similares, penso eu.

Em paralelo me dedico ao livro "Américo", de Felipe Fernández-Armesto, Cia. das Letras. É um livro um tanto confuso, o autor provavelmente condensou de algum trabalho maior, pois coloca inúmeros nomes de personagens da época como se fosse algo corrente ao leitores. De qualquer sorte demonstra como a divulgação e imprensa gutenberguiana faz o marketing de Américo Vespúcio e suas viagens ao nosso continente, após Colombo. A tal ponto o continente receber o nome América, ao invés de Colombia, seria o justo.

Américo é posto como sagaz e negociante. Bom livro, mas não arrebatador. Nem sempre acertamos.

Somos assim.

1 Bom livro, mas falho em deixar o leitor à vontade com o correr da história, citando inúmeros personagens que denotaria muito tempo pesquisar a importância à época.

2 Para quem passou e passa pela experiência, como geração perdida que somos, um livro arrebatador.

3 Cruel, real e sem paixão ou ideologia. A guerra como foi, matando principalmente os inocentes. Um grande livro, sem dúvida.

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