Encoxando no ônibus
É marcante a ausência de mulheres nessa revolução árabe. Na maioria das fotos o contigente quase exclusivo é de marmanjos, de 15 a 40 anos.
Adrelina no telhado, fazer a revolução! Mas sem as mina para acompanhar.
Um pouco como o Brasil de antigamente : "Mulher minha fica em casa cuidando das crianças e organizando o almoço. Do resto cuido eu."
Mais velho, lembro de certa repressão com resquícios até hoje, desse subjugado relacionamento.
Quando casais separavam, a procura de novo parceiro pela mulher era quase como se fosse algo próximo à prostituição. A rigor, "culpada" ou não pela separação, o renome como "largada" ou desquitada era péssimo.
Para mostrar que o casal vivia bem e ela boa companheira, nos carros sentava próxima do marido motorista. Guiar? Nem pensar, "mulher ao volante, perigo constante". As poucas corajosas eram até vaiadas, "Sai da frente D. Maria, vai para casa lavar roupa!".
As festas eram (ainda são em alguns cantos) divididas entre homens e mulheres. Essas as vezes relegadas com as companheiras à cozinha, os machos na sala. Minha mãe alemã se irritava profundamente com isso, nas poucas vezes que convidada participava com os "nativos".
Nos ônibus cheios, sem companheiro à vista, eram caça livre recebendo esfregadas e encoxadas desconcertantes. Certa vez observei uma senhora com sua filha pequena, descer quase envergonhada pelo assédio de um meganha, a procurar refúgio fora do ônibus longe do policial imbecil.
Os resquícios, como disse, estão por toda parte. A supressão da liberdade feminina, África e Ásia à frente é lugar-comum.
Mas no caso árabe é realmente estranho. Como dizem os gringos : "It is a men´s thing..."