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Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Ultra

A máxima do século 21 na minha opinião deve passar a ser a partícula ultra, substituindo hiper.

Na vida atual, ultra se aproxima melhor daquilo ocorre em nosso maluco cotidiano. Não podemos mais falar em “hiperburocracia”, pois já passamos à “ultraburocracia” em muitos casos. Mundialmente, apesar de nós brasileiros nos esforçarmos para manter o primeiro lugar (e conseguirmos) porém termos seríssimos competidores...

Dizem até os discretos bancos suíços agora pedem muitos papéis, a garantir não haver demandas de outras nações sobre seus correntistas não mais anônimos. E dentro da ultraburocracia, alguns casos sem solução, por exemplo obter-se “habite-se” de empreendimentos comerciais na cidade de São Paulo. Alguns casos com até 700 (setecentos) diferentes documentos, exclusivos entre si, pois alguns perdem a validade durante o processo de avaliação, esse sem prazo claro.

Podemos também visualizar no uso do prefixo ultra a ultraestupidez. Ontem ao sair da empresica onde trabalho, abrindo a porta do carro, fui abordado por um sizudo motoboy. :

- “Ô grande, a hora?”

- “Um instante, já lhe...”

- ”Vá se foder mané, não quer ajudar não, ô palhaço?” e arrancou com a moto, ainda esticando o dedo fedorento. Tempo decorrido do curioso encontro: talvez 5 segundos... A pedir um instante para olhar o relógio e dar a informação, o ultradesaforo completo.

E o mais assustador, a ultraipocrisia (ultra-hipocrisia?), suficiente ler as declarações de governos federais e estaduais no Rio de Janeiro, com a “guerra do morro”, a “conquista”, a “pacificação”, a “fuga dos traficantes” e o “luxo revelado”, retratando uma micropiscina, dessas compradas prontas, na laje de um barraco de blocos, como se fosse do próprio Sadam Hussein em seu palácio.

Nenhum policial ou militar dado como baixa, somente morreram os traficantes.Foram 38, 56, talvez 104. Aprenderam-se 100.000 dólares, ou 100.000.000 de reais com 4 toneladas, ou seriam 40, ou 400 quilos de maconha. Parte já sumiu.

A cidade quer drogas, os policiais precisam de recompensas no sustento parco do salário.

O governador fazendo seu caminho para a possível futura presidência, utilizando os fatos, mesmo negativos como “novos tempos contra os criminosos”. Tal qual o primeiro Cabral por cá, esse somente quer vantagens.

Por fim, triste se não fosse tragicômico, Lula declarando raivoso sim, Dilma necessitar de um novo avião de longo alcance, pois a presidência havia “passado vexames” com seu Airbus de “pouca autonomia”. A ultra-hipocrisia, a recomendar a nova aeronave caríssima com os mesmo argumentos com os quais torraram 50.000.000 de reais à época pelo Aerolula, pois “esse teria maior autonomia e segurança”, ao contrário do Sucatão.

O Aerodilma ficará por estimados 400.000.000... dizem.

E nós aplaudimos, somos assim.

1 Airbus 340, será que a inteligente economista fará a bobagem de gastar esse valor em um capricho imaginado pelo antecessor?

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