Os gatos do Padre Zeferino ou histórias do norte de Minas
Por Ludwig von Albarus, de São Paulo
Monsenhor Zeferino era titular da paróquia da comunidade. Muito indulgente e bondoso, principalmente com os animais. Tinha cerca de cinqüenta gatos na casa paroquial.
Eis que o Juca, (o sacristão) detestava gatos e um belo dia teve uma brilhante idéia... para livrar-se dos bichanos... munido de um alentado relho ( é o nome local para chicote), aproveitando a ausência temporária do padre, adentrou pela casa paroquial, berrando : - “Cristo Senhor nosso...” e ao mesmo tempo, descia o relho na gataria, que subia pelas paredes e móveis... para escapar da pancadaria.
E assim foi, sempre que o padre se ausentava... era uma sessão de chibatadas a torto e a direito - sempre berrando a inefável frase:
-"Cristo Senhor nosso!"
Numa quente e aprazível tarde, num papo descontraído com o padre, sacou esta: com o devido respeito, vossência poderia se livrar desses gatos, pois são animais do diabo...
Retruca o padre, -“ Mas Juca, são animaizinhos tão dóceis, e além do mais, desvalidos. Entretanto, se você me provar que são animais diabólicos, eu prometo que me livro de todos...
”Vou provar, seu padre, siga-me por favor.” E com seu processo arquitetado, entrando na sala paroquial deu o proverbial berro:
-"Cristo, Senhor nosso!" -
a gataria entrou em desespero, em louca agitação...
E o padre Zeferino livrou-se de todos os gatos...por sua ,sponte, para contentamento do Juca sacristão....