Alemanha 1945
Alguns livros fascinam. É o caso do Alemanha 1945 (Cia. das Letras, 2010) do Richard Bessel. Pela, digamos, genética, esse período da História alemã me comove, por que passaram meus pais, ambos a viver intensamente o rebuliço social traumático dos tempos Hitler e pós-Hitler.
Com o alívio brazuca após, menos chegados os de cá em radicalismos de larga escala como guerras, mas, somente adiante ambos perceberem: não menos violentos, com a endêmica violência cotidiana brasileira, de séculos.
Porém é, como disse, excelente leitura, fina precisa tradução e revisão.
O autor debulha com acribia as dificuldades dos ocupantes vencedores da guerra em lotear o que na época já era um país moderno, curiosamente não tão destruído pelos bombardeios como se imaginava.
E não somente lotear: mas administrar, pois excluídos os funcionários públicos de veio nazista, a maioria, o vazio criava problemas terríveis, como policiais sem armas, tribunais sem juízes.
Fala da brutalidade dos russos contra a população civil, hordas a se vingarem do holocausto promovido pelos alemães no leste europeu, do descontrole dos soldados incluindo o mais brandos americanos. E a lenta reestruturação de uma sociedade eclipsada da regência do próprio destino.
Um belo livro.