Mato Virgem
O livro Mato Virgem, traduzido soberbamente por Moema Parente Augel, literalmente “detonei” em um fim de semana. O relato do arquiduque Ferdinand Maximilian von Habsburg, irmão do imperador Francisco José e primo de Dom Pedro II pelas redondezas de Ilhéus na Bahia (Editus, Editora da UESC, 2010) é um passeio adorável, pela literatura romântica da época (por volta de 1860) e pela paisagem.
Com detalhes que, a quem conhece, se tornam duplamente interessantes e às vezes jocosos.
Tenho por lá uma pequena propriedade comprada em 1983 onde se cria um modesto rebanho, em sistema quase, digamos, autônomo. Nada se adiciona, nada se retira em média. E já de 20 anos temos uma espécie de renovação natural, pois pela propriedade proibiu-se a caça e o corte de árvores.
Primoroso o resultado, um prazer ler a bem traduzida peça; e com detalhes que corroboram a autenticidade, como um ataque de carrapatos, suas conseqüentes coceiras e as feridas que não fecham na pele do europeu despreparado ao caminhar pela mata baiana.
Conheço isso, e muito bem. No momento estou me tratando com antibióticos, antialérgicos e produtos tópicos para controlar, já de 45 dias, três picadas infectadas nas costas.
Do maldito, filho de uma égua, desgraçado, indescritível corno, usando da linguagem nativa: o carrapato micuim. Mal se vê, mas se não houver a imediata “catação” (no livro feito por um “mouro’, como os austríacos chamavam os escravos), desinfecção e alguma profilaxia , a opção é coçar-se. Às vezes até sangrar.
Ferdinand Maximilian o descreve bem. Entretanto sua coceira passou logo.
Instado pelo irmão e nações européias a se tornar o imperador do México, foi fuzilado, com seu generais, a mando de Benito Juarez.
A nobreza também corria seus riscos.