Os céus de Ipiaú na Bahia
São quase 30 anos que de tempos em tempos ando por aquelas bandas, na região do cacau na Bahia.
Há restos de Mata Atlântica, a cultura do cacau assim o exigia no passado. Florestas com sombra, insetos para a polinização, umidade pesada e o solo que chamam massapé (seria corruptela de amassar com o pé, dos descalços miseráveis que colhiam as cabaças em terreno barrento a tirar o ouro vegetal que ia à exportação, quase que exclusivamente?), rico em matéria orgânica, negro, pastoso.
Além dos hábitos de um Brasil mais, digamos, autêntico, da cruel colonização portuguêsa e os modos decorrentes, como infelizmente a escravidão e suas nefastas consequências, até os dias de hoje.
Mas seguramente com menos artificialismos e complexo de cocar de nós paulistanos, como os deploráveis letreiro de “off” ao invés de "liquidação" nas lojas, revolta por “demorar o visto para os EUA” e todos nossos gringuismos complexos, que nos fazem um tanto argentinos, sem ofensas a ambos. Argentinos de quem dizem serem imigrantes italianos falando espanhol e procurando se comportar como ingleses, com machismo à àrabe.
Algo comum nesse Novo Mundo, nós, o quintal sujo da Europa. Falamos suas línguas, nos vestimos e comportamos como eles, praticamos seus esportes e em nossas primeiras férias, quando a carteira permite, o desejo é ir para lá; como dizemos: conhecer as origens. Nem os altivos americanos escapam do usus, falando inglês e até ordeiramente rezando para figuras oriundas do distante Oriente Médio e remoldadas no velho continente... Tupã ou Manitou é coisa de índio, negamos.
E portanto nós mais ao sul com direito a portas fechadas e deportação; não nos querem circulando em suas tradicionais ruelas.
Mas dessa vez, análises sócio-antropofágicas à parte, olhei para o céu. Sem religiosidade, apenas para a beleza e à antiga, bati umas chapas.
O de Ipiaú na Bahia decerto é um dos céus mais bonitos.
Vejam.
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