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Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Maloca

Existe a questão pura, ancestral e complexa. Onde por razões não se consegue citar, algum indivíduo detona: não gosto dessa raça! E sempre haverá imensa confusão entre raça e religião, raça e orientação política, raça e tolerância, raça e gênero, raça e orientação sexual. A gerar essa aberração ainda presente entre seres humanos. O racismo.

Na verdade, as raças humanas variam pouquíssimo; são tons de pele, forma dos olhos e tipo de cabelo. O resto é imaginário.

Pode-se estender o assunto ad nauseum, não há progresso. É mais fácil o consenso sobre “todo ser humano adorar cachorros” do que acordo razoável sobre as diferenças humanas, como a esquerda política sempre ser boa e humana, a direita fascista e violenta.

Não evolui a discussão.

A mim pessoalmente intriga porém, uma forma de racismo, é vil ao extremo, a induzida pelo igual.

Anos atrás na formatura da minha filha mais velha, a pessoa por anos dirige para minha esposa, naturalmente foi convidada para a cerimônia. Afinal trouxe e levou a moça, os irmãos e os amigos por anos para a escola.

Foi impedido de entrar, por ser negro, no Colégio Rio Branco, aqui em São Paulo. Magoado, mais adiante nos contou o “segurança” pediu o “convite” a ele. De fato havia convites, mas só eram solicitados aos “suspeitos”. A nós nada pediram...

Detalhe curioso: o segurança era negro.

Anotei o fato naqueles escaninhos da mente tratam de assuntos bizarros. Minha filha ainda escreveu à escola sobre o tema, que, claro, autoritária, nem respondeu.

Hoje soube certo dirigente sindical, de alcunha Maloca, veio solicitar votos aos candidatos apoiados pela Frente Sindical e sindicato dos metalúrgicos aqui de São Paulo, distribuindo santinhos. Lembrei-me alguns meses atrás por razões econômicas houve demissões onde trabalho. Entre elas, por dificuldade terrível nos horários (sempre atrasava) e consumo de álcool durante o serviço, um senhor negro. Sem “justa causa” (existe demissão sem justa causa?) e a delegacia regional do trabalho em greve (já há mais de 100 dias), optou-se pedir a homologação da sua demissão ser feita junto ao sindicato.

Que não o faz para a empresa em questão, por disputa passada, onde havia a exigência pelo sindicato de nova tarifa criada com nome “contribuição assistencial”, a seguir diretamente ao sindicato. Empurrando em contra-partida a data base do reajuste dos trabalhadores para adiante.

O impasse trabalhista, não permitido, foi resolvido não atendendo à demanda do sindicato, apenas a favorecer o próprio, fazendo trabalhadores e empresa pagarem por algo inexplicado.

Os dois demitidos, um branco e o senhor negro foram todavia ao sindicato pedir, em vista da greve do judiciário, e sindicalizados eram, houvesse a concessão.

Ao branco foi concedido, sacou seus valores de fundo de garantia. Ao negro, até hoje, nada foi liberado. Negado pessoalmente pelo sindicalista Maloca. Que, curiosamente, é negro.

O mais ferrenho assassino e responsável pela Endlösung, a solução final para o “problema” judeu na Europa e a pura eliminação de inocentes, era o governador nazista da Boêmia, homem violentíssimo de nome Reinhard Heydrich.

Seu pai, cantor de óperas sem sucesso, era filho de judeus.

1 Reinhard Heydrich, matador de judeus, conhecido como a "mão direita do diabo". Descendia de judeus.

2 O sindicalista negro que diferencia a quem dar o benefício da homologação da demissão pela cor da pele. Curioso. Porém a admitir-se certa ingenuidade, nesse caso.

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