Fotos da Frida
Há livros encantam, quase nos sentimos impulsionados a comprar, como por exemplo Frida Kahlo, suas fotos (Cosacnaify, 2010), organização de Pablo Monasteiro com excelente tradução de Gênese Andrade.
Foi o que fiz, aproveitando dessas promoções que grande livraria faz por aqui, nessa gelada Sumpa, com sua chuva infindável. Mais barato que um passaporte de 10 páginas, sem filas, sem impressões digitais, constrangimentos, grosserias, etc., e com mais fotos; de melhor qualidade e muito, muito mais papel...
Frida Kahlo e seu pai, grande mentor intelectual e artístico, fazem do livro com suas mais de 400 fotos especial prazer na leitura. Talvez até pouco voyerista, as imagens de certa intimidade doméstica escancaradas ao público me constrangem um tantinho, mas é coisa pessoal.
A regra da pintora, quase imutável com seus auto-retratos seguramente é forte influência do pai alemão, o Wilhelm Kahlo, em sua similar repetibilidade de fotos, claro de si mesmo.
Seu ganho-pão, era fotógrafo profissional. E aparentemente dos bons. Sua Frida o completa, com a tradução pictórica e forte influência do companheiro Diego Rivera, certamente o livro é inconsciente homenagem posterior ao trabalho fotográfico do imigrante.
A mãe mexicana, Matilde Calderón de Kahlo, analfabeta e caseira, ficou em segundo plano. Não é caso único, bem freqüente até por nossas Américas ultra-machistas de século 20, certa supressão da mãe no encantamento e o exaltar do pai, também pelas filhas; chamemo-las de “libertadoras”, rejeitando o modus vivendi conservador e submisso, nem sempre voluntário, das figuras maternas.