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Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Interessante...

Fiquei curioso com a quantidade de anos que o chefe da CBF, Ricardo Teixeira, já está no cargo. Lembrou-me o presidente da Guiné, reeleito há 30 anos em processo, digamos, um tantinho suspeito. Mas grande democracia que somos, tal por aqui deve ocorrer na máxima lisura.

De qualquer sorte, o homem conseguiu boas vitórias no futebol, tem grande influência política e foi genro de João Havelange, chefe da FIFA anos a fio, há portanto certo pedigree. Consultei um texto sobre ele, reproduzo abaixo. Não é lisonjeiro, mas é como as coisas são por aqui, principalmente na área pública, inclui-se aí o futebol.

"Chegou ao comando da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), em 1989, onde tornou-se o sr. 'Rico Terra', sucedendo Octávio Pinto Guimarães, após derrotar na eleição a Nabi Abi Chedid, presidente da Federação Paulista de Futebol. Encontrou a entidade quase sem condições de arcar com os custos da preparação da seleção brasileira para a Copa do Mundo de 1990, na Itália.

Escândalos atingiriam a gestão de Teixeira, que é marcada por denúncias, com acusações de nepotismo no preenchimento de cargos na CBF, pagamento de viagens para países sedes da Copa do Mundo a magistrados e outras autoridades, importação irregular de equipamentos para sua choperia El Turf, no Rio de Janeiro, após a Copa de 1994, a celebração de contratos lesivos para o futebol brasileiro, em especial com a fabricante de artigos esportivos Nike, omissão das declarações de rendimentos apresentadas nos exercícios de 1991, 1992 e 1993 dos valores por ele mensalmente auferidos, omissão de rendimentos provenientes de atividades rurais nas fazendas Santa Rosa I e II, localizadas no município de Piraí/RJ.

Também deu dinheiro da CBF para campanhas políticas de dirigentes esportivos, com o intuito de manter no Congresso Nacional uma bancada de deputados e senadores para defender a seus interesses (manter-se no controle da CBF, impedir investigações sobre corrupção dentro da CBF), que ficou conhecida como bancada da bola. Com a montagem deste esquema de poder, assegurou suas quatro reeleições.

Em 1998, vê-se envolvido em comissões parlamentares de inquérito na Câmara de Deputados e no Senado Federal, mas, com auxílio de congressistas fiéis, consegue se livrar das acusações. Prestou depoimento em duas CPIs, a do futebol e a da CBF-Nike.

Em 2000, Ricardo Teixeira prestou depoimento na CPI do Futebol. Até 1996 a CBF apresentava lucro. Neste ano assinou um contrato com a Nike de 160 milhões de dólares e a partir de então começou a ter prejuízos, ano após ano. A entidade então tomou dinheiro emprestado de origem duvidosa, pagando juros muito mais altos do que o de mercado, em alguns casos de cerca de 43%. Descobriu-se uma série de empresas suas e de comparsas ligadas a transações irregulares de dinheiro. Afirmou em depoimento na CPI que havia ganhado tanto dinheiro investindo em ações, mesmo sabendo-se que havia falido neste ramo no início de sua carreira. Também prestaram depoimentos Vanderlei Luxemburgo, Eurico Miranda e o empresário J.Hawilla. A Receita Federal autuou a CBF em R$ 14.408.660,80 por dívidas com o Fisco.

Na CPI da CBF-Nike, que contou com declarações de Zagallo, João Havelange e do atacante Ronaldo, Ricardo Teixeira foi acusado por Aldo Rebelo de fazer complô para tentar enfraquecer o trabalho das CPIs, por unir forças com Pelé, que antes o acusava de corrupção. Teixeira prestou esclarecimentos sobre a CBF, atividades pessoais e de suas empresas, como o restaurante carioca El Turf. Em janeiro de 2002, Teixeira obteve liminar da Justiça proibindo a impressão e distribuição do livro "CBF-Nike", de autoria dos deputados Sílvio Torres e Aldo Rebelo. A obra relatava todas as investigações que devassaram seus negócios. Atualmente Aldo Rebelo é amigo pessoal e confidente de Ricardo Teixeira (!). Está disponível na internet um resumo do relatório final da CPI.

Em 2007, a bancada da bola agiu novamente sob influência de Ricardo Teixeira e de 12 governadores, que previamente foram à Europa à convite de Ricardo Teixeira, por ocasião da escolha do país sede da copa do mundo de 2014, para impedir a instalação da CPMI do Corinthians/MSI, com a retirada de votos a favor da CPMI na última hora. O argumento era que a CPI poderia influenciar na escolha da sede. No epsódio, 71 parlamentares mudaram de opinião, e apenas 3 se justificaram. Sobre o epsódio, Juca Kfouri escreveu: 'Momento trágico: Nada mais repulsivo que a campanha do presidente da CBF contra a CPMI Corinthians/MSI. E nada mais revelador de quem são alguns parlamentares de todos, rigorosamente todos, os grandes partidos. Daí o jogo da família ter sido o do senta, levanta. Elementar'. Em seu blog, Juca Kfouri publicou ainda a lista com os nomes dos parlamentares que mudaram seus votos. São 18 parlamentares mineiros e 8 paulistas, entre muitos outros.

Por ocasião da escolha das cidades que receberiam jogos da copa, o apoio político à Ricardo Teixeira esteve ameaçado brevemente. Porém, novamente, a corrupção na CBF não esteve ameaçada.

A senadora Ideli Salvatti (PT-SC), que não apoiou o pedido de abertura da CPMI, declarou 'Será que teremos de apoiar a CPMI de Corinthians e MSI para que expliquem em Brasília a escolha das cidades?' Numa clara atitude 'toma-lá-da-cá'"

1 De sogro para genro, uma dinastia no comando do futebol brasileiro. Todos se deram bem, ainda bem que os ingressos são pagos não é? Mas o gesto da mão estendida é sintomático por aqui...

Comentários (clique para comentar)

Dão - 08/07/2010 (18:07)

É por essas e outras que "adoro" futebol! Altas somas de $$$ alimentam essa corja de corruptos ..... e agora temos também abonados jogadores no maravilhoso mundo do crime...é o povo alimentando todo esse circo milhonário.

- 08/07/2010 (14:07)

De síndico, por vereador a presidente
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