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Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

H1N1 – multivacinação

Por Lilian Gonçalves, de Juiz de Fora, Minas Gerais

Ano passado quando surgiram os primeiros casos da “nova” gripe (H1N1), recebi inúmeros e-mails, e até mesmo vídeos, sobre a produção em laboratório do vírus causador da mesma, tais informações diziam que o vírus fora criado para dizimar a população. (!)

Este ano foi diferente, os e-mails e vídeos vinham dizendo para não tomar a vacina contra a respectiva gripe, pois o interesse era matar, dizimar a população, já que a vacina continha mercúrio que é nocivo a gripe.

Juro que me dei ao trabalho de responder alguns desses e-mails, dizendo serem verdadeiras as informações, porém consumimos da mesma forma medicações nocivas à vida, porém necessárias; eis aí o lítio, droga de primeira linha no tratamento de transtorno bipolar, e que é tóxico em alguns níveis no organismo. Em outros dizia que isso era para assustar e o pessoal não se vacinar, assim a contaminação pelo vírus produzido para dizimar a população seria mais fácil.

Antes de entrar no mérito do que pretendo, vale destacar que quem inventou o vírus deve estar disputando com Deus, um cria: o outro dizima, uma disputa de egos de entes superiores?

Afinal a troco de que dizimar a população? Viver sozinho não é bom. Nem sabemos para onde viemos, por que estamos aqui e quem somos para tentar dizer aonde vamos...

Porém eis que estamos em plena campanha contra o vírus H1N1, em alguns postos de vacinação são distribuídas senhas, quarenta para ser precisa, há formação de fila, demora no atendimento, todas as não-regalias que o sistema de saúde pública nos oferece atualmente.

Após uma hora de espera, entrei no estabelecimento com a senha 16, esperei mais trinta minutos a ser atendida; para passar o tempo fui observar o que o ambiente me oferecia: nenhum cartaz de educação para a saúde, uma funcionária berrando no corredor pedindo silêncio pois havia um cardiologista atendendo no mesmo corredor (sem uma janela ou ventilação), crianças tomando vacinas nos braços das mães (podendo cair se a mãe não as agüentassem, pois estavam em pé), alunos despreparados e sem conhecimento aplicando a vacina, caixas térmicas contendo a vacina continuamente aberta e sem termômetro para controle de temperatura.

(Oh! Isso é fundamental)

Funcionários aspirando e retornando com a vacina para dentro do frasco (ou melhor: estudantes e professor sem nada a dizer, afinal estava mais preocupado se estava chegando alguma emergência). Sem contar o desfile de vacinas entre uma sala e outra, já na seringa. Ufa! Chega, não quero nem pensar.

Confesso que ao tomar a vacina, rezei para que realmente ela não me faça falecer, não por contaminação viral de H1N1 ou mercúrio, mas por infecção hospitalar, a famosa que poucos sabem de onde vem, e muitos profissionais provocam, por certo descaso e imperícia.

1 A gripe suína mexicana, H1N1 grande ameaça que por fim não foi tão grave.

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