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Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Algo está podre

Como são raros aqueles vivem exclusivamente da escrita, tenho evidentemente uma outra ocupação. Nossa nata escritora, brasileira, diplomatas ou funcionários públicos, similar a Drummond, Guimarães Rosa ou Vinicius atestam o fato. Sem me comparar, claro. Seria uma ofensa a eles.

Nesta minha outra ocupação, ando engenheirando um tantinho. Por uns 30 anos. E mais, pois assim tal qual o coringa nos jogos, o engenheiro se presta para muitas outras coisas, desde a simples administração a complexos (e sempre bobos, por inventados a dar apenas lucro) cálculos financeiros.

Alguns engenheiros acabam em tarefas, entretanto, não lhes competem. Não por não saberem fazer, mas por serem simplesmente incompetentes para tal.

A maior cidade do hemisfério sul é administrada por um engenheiro; e cuja ocupação com a engenharia é nula. Ocupa-se todavia muito com as empresas de engenharia, da área civil, estas por sinal desde a construção da nova capital em 1961 não tem tido maiores problemas por cá, em terra brasilis. E, tal qual seu mentor, outro engenheiro e político, de etnia similar pela origem e alunos da mesma escola, preocupa-se apenas nas obras ditas visíveis.

Porém ambos são e foram uma calamidade na administração cotidiana, atolam-se em meio a devaneios oblíquos e sustentam-se apenas sonhando sonhos maiores.

O mais velho havia prometido à mãe ser presidente da república, penso o atual tenha onirismos similares. Com isto o dia-a-dia da cidade fica para um exército de burocratas de última categoria, indicados por cumpincharia política, somente interessados em fazer algum, assim se diz.

E a corrupção estabelece-se.

Por força do trabalho, acabo me envolvendo com estas coisas e fiquei admirado com o valor robusto a prefeitura cobra pelo imposto predial. Em área construída de 3.950 metros quadrados, a “bagatela” de 80.000 por ano, num bairro de terceira categoria. E em contrapartida recebe-se: a recusa à coleta de lixo, paga-se à parte, por ser lixo industrial. Recebe-se multas por sacos de lixo deixados sobre nossa calçada pela empresa varredora, contratada pela prefeitura, que não limpa calçadas. Não temos esgoto tratado, apesar de ser uma das condições para o instituto deste imposto, apenas "removido", ou seja vai ao rio próximo. As ruas esburacadas e ano a ano, desde 1978, na época das chuvas as inundações no bairro.

O asfalto em 1979 foi por nós pago, assim como a tubulação para parte da água pluvial seguir ao rio próximo, pois não existia.

E para garantir a perfeita corrupção, apesar de anistiados por uma cobertura adicional (detalhe: já anistiada anteriormente), recebemos a solicitação para apresentar apenas 16 (dezesseis) diferentes documentos, entre desenhos e um ridícula declaração do conselho histórico, a provar o prédio (de 1978) não ter sido ocupado pelos fundadores da cidade; nem seus herdeiros...

E claro, fornecidos todos com os custos dourados de um despachante especializado, e até hoje, 6 meses após, nada recebemos. Continuamos, se diz: irregulares.

Não pago o conselho de engenharia, por princípio. O departamento nada faz, existe exclusivamente para a manutenção de seus próprios funcionários. Cobra para existir.

Se ao menos cassasse o registro do atual prefeito...

Mas nada é feito, somos assim.

Diz o jornal maior de domingo passado ou próximo, discutir-se a questão do voto entre obrigatório e voluntário ser a ordem do dia. O voto não é direito, nem obrigação neste país.

O voto por aqui é apenas uma vergonha.

1 Desde 1978, ano a ano, sem exceção, o bairro inunda. 32 anos consecutivos. Nenhum prefeito ou prefeita se incomodou com o assunto.

2 Cenas de bucolismo, só falta a vara de pesca...

3 E pelo imposto predial temos a excelente manutenção de nossas calçadas, como fotografei em 30.05.2010, ao lado do viaduto, pelo que me consta propriedade da prefeitura...

4 Ou a genial forma de fixação dos "picolés", de forma segura e bem-feita, próxima da dita calçada do viaduto. 10 anos assim, who cares, diriam os druidas...

5 Mas o viaduto fechado, com tijolinho, abrigo para os taxistas, "puxadores de opinião", na votaria fajuta. Para isto há recursos, sempre.

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