Foto do Hermógenes

Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Não há ninguém...

Meu amigo M. Gorski, em meio ao zoado horrível da Índia e seu calor um tanto indigesto, do alto dos 39 graus daquele dia ensolarado, empoeirado e endiabrado, em pleno Lodi Garden, um bonito e menos sujo parque de Nova Delhi, me lança um malvado desafio:

-“Hermó, duvido fazer uma foto de paisagem na Índia em que não apareça ninguém...”

A rigor a idéia era até anterior em meu inconsciente doentio, pois ao saber que Veneza era a cidade mais visitada do planeta, mais que Roma ou até Paris, já havia me lançado ao desafio de procurar um canto veneziano onde não houvesse ninguém a fotografar.

Nada simples, pois até congestionamentos de gôndolas acompanhamos, filas de apenas 15 minutos para entrar na tal catedral de São Marcos e que são tantas até as pombas desistiram da praça de mesmo nome. Só há espaço para humanos...

Mas, fotógrafo amador é uma meleca, esforcei-me e penso ter conseguido. Uma foto na Índia de seus 1.200.000.000 habitantes (quem conta isto?) sem nenhum coolie ou sahib.

E outras de Veneza, com seus 52.000 visitantes diários, população cativa e local de 60.000... Sem vendedor malinês de bolsas fajutas ou russas loiras oxigenadas a procura de acompanhantes pagantes.

O mundo anda meio cheio mesmo. Bom assim, todos viajando, popularizado o movimento.

Alegria queremos para todos, somos assim.

1 Uma bela mangueira, em meio ao Lodi Garden. Acho que deu certo, sem humanos na foto. Difícil na Índia.

2 Pensei que estava arrasando, mas Gorski me informou que o desafio era para humanos em geral. Estes defuntos em seus túmulos, são humanos, claro. Apesar de não visíveis, mas há traços, sei lá...

3 Dei sorte na terceira e última, depois foi impossível. À entrada da imensa tumba muçulmana de Lodi Garden silêncio e ninguém por perto, durante talvez 32,5 segundos, mais ou menos...

4 Antes, em Veneza, autolançado o desafio pelo meu doentio inconsciente (a ansiar por menos gente em viagens...), a triste visão na praça São Marcos, filas de pessoas para espera e entrar na catedral de mesmo nome.

5 Mas, com jeitinho e espera, o amador bateu a chapa desejada. Veneza como talvez era em 1540...

6 E, pimba, sorte. Mais uma! Perto do mercado de peixes, feriado. Sem viv´alma.

7 Com seu café abandonado, onde, êta civilidade, ninguém rouba os cinzeiros...

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