A moda em todos nós
A moda evolutiva é algo complexo. Entre os animais o conceito evidentemente não ocorre, entre os povos menos sofisticados como alguns agrupamentos indígenas existe de forma tênue, porém se mantém, quase inalterada, basta ver os discos de madeira que passam por lóbulos e lábios, há séculos, por exemplo.
Nossa sociedade moderna, e denomino moderna desde que medimos o passar dos anos e o desenrolar da História, tem lastro no quesito moda. Seja para o embelezar das mulheres e a inegável atratividade sensual e homens, até os mais vetustos, com togas ridículas ou uniformes patéticos (sem exceção, friso aqui) a imaginar conferir-se autoridade a quem traja. Com o tempo estamos deixando estes conceitos menos assustadores, discretamente alertando para o ridículo do traje e havendo a discreta troca. Lembram dos uniformes de soldados gregos com saiotes e nosso ministro da defesa aparentando egresso do Vietnã com traje de Jim das Selvas?
Certa vez na distante Ipiaú no interior baiano, pediu uma amiga que fosse testemunha em seu casamento civil, a que aquiesci. Verão de 40 graus segui ao foro, porém de bermudas, era apenas para rapidamente assinar algo. Prontamente impedido de entrar, o “segurança” a humildemente indicar que por ordem dos “dotô” aquele traje não era permitido. Voltei correndo para trocar e feliz seguiu a noiva para o civilíssimo altar e hoje, lamento, péssimo casamento.
Teriam sido as minhas calças compridas?
Por sinal não chamem a mim e a esposa (individualmente não há problemas) para padrinhos ou testemunhas de casórios. Dos que atendemos, penso apenas um “sobreviveu”.
Os demais já estão em outra parada. Seria a moda do comportamento?
De qualquer forma, tenho minhas dificuldades com isto, excetuado o bom par de óculos. Estes têm que ser fashion; como diz bom amigo: de veado! Já sapatos, calças, camisas, bermudas e demais são criteriosamente por mim classificadas entre bem lavadas e confortáveis, sem cores assustadoras. O resto passa despercebido.
Um ex-colega aqui da empresica onde labuto, hoje motorista de madame, me conta que herdou do pai o bem-vestir. Recorda que seu velho, mesmo que não tivesse um discreto puto no bolso, não abria mão da boa indumentária. “Morro na merda, mas bem vestido.”
O amigo segue pelo mesmo caminho, sempre um tanto duro, mas a roupa top. Outro dia ofereceu-me carona no carro da madame, que até conheço, mas por respeito a ela e discrepância nos trajes (eu, novamente, de bermudas), declinei.
Vejo aqui foto antiga (é o efeito W.G. Sebald me perseguindo) e tomo a liberdade de incluí-la. Uma das crianças é minha mãe, quem conhecer o cara escrevente saberá. A média deve ser de pupilos entrer 8 a 12 anos (as classes eram múltiplas) portanto o ano 1939/41.
A moda é simples, a escola era em vilarejo rural no norte da Alemanha.
Crianças de trabalhadores, agricultores e por aí vai. Mas entre os meninos, curiosamente, um detalhe que notei apenas após olhar por alguns anos para a foto, de tempos em tempos: a maioria dos meninos tem o corte de cabelo à la Adolf Hitler.
Somos assim, viva a moda! Já perceberam quantos petistas trajam a barba esbranquiçada do chefe? Ou gravatas vermelhas? Se Dilma emplacar e levar, quem sabe desvirtuando o efeito Pitta-Maluf (alguns chamam de anti-efeito Avatar...), o que será o atributo fashion?
Falar grosso, talvez...