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Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Elucubrações farmacêuticas

Por Ludwig von Albarus, de São Paulo

Já disse a vocês que no passado, e ponham passado nisso, eu trabalhei numa grande empresa de produtos farmacêuticos. O que foi certo motivo de gáudio e também amadurecimento profissional. A empresa não mais existe, foi integrada a outro grande grupo do ramo.

Durante algum tempo a empresa ia de mal a pior. Vendas tendiam a zero. A produção, sem vendas, seguia a menos infinito e a administração era o caos.

Seguramente todas as luzes vermelhas dos painéis da casa matriz estavam acesas, indicando que o empreendimento ia mal por aqui. A direção da matriz nos Estados Unidos deliberou mandar para cá uma task force (força tarefa) para fazer um estudo geral sobre o destino da empresa.

Lá pelas tantas, aportaram uns vinte especialistas nas mais diversas áreas: auditores, mercadólogos, engenheiros e técnicos das mais variadas especialidades. A comissão levou três semanas para cocluir: - ou fecha ou muda tudo!

Resolveram mudar tudo, à vista do relatório, informando que condições havia para obter um progresso efetivo.

Foi aí que decidiram enviar para cá um executivo taxada de meio louco. O Sr. Paul Norton. Diga-se de passagem, que de louco ele não tinha nada. Era sim muito esperto e competente. Ingressou na empresa sede como auxiliar, tendo galgado praticamente todas as posições na empresa. Seu apelido era chuta-latas, por ser muito alto e caminhava jogando as pernas.

Só apareceu na empresa quando dominava a língua pátria e quando achou que tinha conhecimentos suficientes do Brasil e dos brasileiros. Conhecia e chamava todos pelo nome. Fez o diabo! Demitiu gente adoidado (mas não era louco, como disse). Contratou os melhores especialistas do mercado. O que ontem era, hoje não era mais. Tudo novo, enfim.

Norton, para encurtar o assunto, colocou a companhia em primeiro lugar no seu segmento, isto em três meses de atuação. Era bravo, como uma fera. Conhecia-se a sala da presidência (qualquer que fosse...) porque era o local onde deixava seu casaco. Administrava andando pela fábrica. Ai daquele que estivesse longe de sua mesa... rua na certa.

Na produção de antibióticos superespeciais, produzidos numa determinada máquina que só o Manoel, um empregado com dezoito anos de casa sabia operar, Norton numa de suas andanças, fez a seguinte observação: - Manoel, por que não vira o corpo para a esquerda, no primeiro movimento da máquina? Este, enraivecido, detonou: - Sente aqui o senhor e faça do jeito que quiser! Apostando no desconhecimento de operação do Sr. Norton. E não é que este sentou, virou o corpo no movimento sugerido e operou a máquina? Não é necessário dizer na mesma hora o Manoel foi encaminhado ao Waldir, do setor de demissões...

Em um outro “passeio” – ao setor de embalagens – certa farmacêutica teria que zelar pela irremprensível limpeza. Um belo dia, visitando o departamento de embalagens, Norton passou a mão em uma das esteiras transportadoras e havia graxa, sujando a mão. Disse ele : - “Christian, (um alemão, chefe do setor) amanhã eu volto de luvas brancas, se eu 'sai' sujo, sai todo mundo!”

Entre várias coisas, o Norton criou o jornal interno com nome alusivo à empresa. Uma semana antes de ser editado, tinha reunião com um certo Faustico, responsável pelo jornal, que disse a todo mundo o americano ser especialista em pedir algo no momento que não estava disponível.

Preparou-se e antes de certa reunião, o Faustico avisou: desta vez o “ómi” não me pega, estou levando tudo que seja possível dele pedir.

Primeiro pedido do comandante: - “Me dá 'a' último exemplar do jornalzinho!”.

O Faustico não tinha.

E assim não terminaria hoje a discorrer sobre as milhares de intervenções jocosas do sr. Norton, que com seu jeito típico de administrar, levou a empresa para a liderança das farmacêuticas por cá.

1 A empresa muito antiga, era mal administrada por cá. Norton andou militarmente dando jeito e a colocou nos eixos.

Comentários (clique para comentar)

- 06/05/2010 (09:05)

Anonimato é preservar a integridade contra aqueles que nos ameaçam, com palavras duras. Ou atos nervosos, impensados. Por isto, caro Ludwig, até em casos de sequestro permitimos a denúncia anônima. Com sucesso. Allbrigth era truculento, soube disto. Homem modelo "hard-ass", bunda dura, de tanto marchar e obedecer a cúpula. Não mereceria esta admiração toda. Mas há pessoas que admiram A. Hitler. Fazer o que? Nos resta o anonimato.

Ludwig von Albarus - 06/05/2010 (09:05)

É VERDADEIRAMENTE INCRIVEL UM IMBECIL COMO ESSE ANÔNIMO DAR UMA OPINIÃO DA QUAL SE ENVERGONHA . ESSE NEGÓCIO DE FASCISTA DE DIREITA É COISA DE COMUNISTÓIDE QUE NÃO ENGOLE ATÉ HOJE QUE ESSA BOSTA DE REGIME ACABOU HÁ MAIS DE VINTE ANOS, ALEM DO MAIS, SER ANÔNIMO É TER VERGONHA NÃO SÓ DE SUAS CONVICÇÕES COMO TAMBÉM DO SEU NOME. LUDWIG VON ALBARUS

LUDWIG VON ALBARUIS - 05/05/2010 (20:05)

SER ANONMIMO É TER VERGONHA DE SUAS CONVICÇÕES ...E DE SEU NATURAL !

- 05/05/2010 (09:05)

De fato, fascista e nazista.

LIUDWIG VON ALBARUS - 03/05/2010 (18:05)

Anônimo - 03/05/2010 (10:05)

Norton era um fascista de extrema-direita. A lembrar-se: Criado no ano de 1962 o Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais – IPÊS surgiu devido à renúncia de Jânio Quadros em 1961. Sua origem está ligada às relações econômicas estabelecidas durante o surto desenvolvimentista da administração de Juscelino Kubitscheck quando a economia nacional, como aponta René Armand Dreifuss , passando por experiências empresariais de caráter transnacional, mudou definitivamente seu caráter. A instituição surgiu como instrumento de ação política extrema de empresários nacionais, ligados aos interesses do capital internacional, políticos, profissionais liberais e oficiais militares. O IPÊS buscava consolidar o papel da iniciativa privada e elaborar estudos de viabilidade para investimentos financeiros. Tendo por base esse princípio, suas ações iam desde o financiamento de instituições educacionais, à realização de programas televisivos e filmes documentários. Essas atividades eram implementadas através da atuação do empresariado e do apelo a instituições como a família e a igreja. Norton Albright era um dos maiores entusiastas do IPÊS e do golpe duro contra à esquerda, com seu discurso ultra-direita. O descrito acima e sua atuação na empresa não o desmentem.