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Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Tempo Partido

Por Ildásio Tavares, de Salvador.

Carlos Drummond de Andrade beneficiou-se do exacerbamento de um estilo de época conteudístico. O valor e preceituação ideológica respaldavam a permissividade da forma que, ecoando 1922, pretendia demolir sob a pecha de “parnasiano” qualquer apuro formal. No fundo isto era um grande cobertor da mediocridade, pois abolia aquilo separa a poesia das outras linguagens verbais, a alquimia lírica; a transmutação das palavras. De Canção a Stalingrado a Uma pedra no caminho, Drummond glorificou o panfleto e a piada.

Entretanto, num de seus momentos felizes, o poeta de Itabira desmonta pela via do trocadilho o sentido dos partidos. ”Este é um tempo partido. Tempo de homens partidos“. Tomemos este mote.

Partido, por um lado, vem a ser um conglomerado político-ideológico com atuação num sistema democrático. Mas partido também é quebrado, sectário, redutivo, a escravização de uma sociedade plural a uma visão de mundo unívoca. E foi assim na Desunião Soviética em que a almejada Ditadura do Proletariado transformou-se na Ditadura do PCUS. Em 2007, conversei com Jacques Wagner, hoje governador da Bahia, e depois Schmidt para organizarmos um seminário aos 90 anos da Revolução Russa. Schmidt me deu um cartão e daí por diante não consegui mais falar com ele. O único interessado em estudar o socialismo real na Bahia era eu.

Socialismo para quê?

Nietzsche dizia que a História só se repete como tragédia. Apesar de todo fracasso ético, humano, institucional, ideológico e, ao final, econômico da Desunião Soviética, chegando ao poder, a malfadada e gulosa esquerda brasileira vem trilhando os mesmos passos do socialismo real e substituindo o pluralismo desejado por Marx por uma única ditadura partidária, teleologicamente assentada em um processo de expansão e manutenção do poder a qualquer custo.

Do ponto de vista formal, nós temos um pluripartidarismo. Mas em realidade toda conjuntura político-econômica do país é manobrada pelo PT que avança, sub-repticiamente, para fazer do Estado brasileiro o quintal do seu partido. Tempo partido. Tempo quebrado. Fragmentação sócio-econômica conduzida por algumas das melhores cabeças que já mourejaram na esquerda brasileira e que, inebriados pelo poder, incendiados pelo poder criaram uma monstruosidade, como naquele caso em que o rabo do cachorro era tão grande que era o rabo que balançava o cachorro. O PT é o rabo e nós somos o cãozinho submisso assistindo de arquibancada a esse filme de terror.

As notícias chegam a toda hora. O Partido está tão forte que está se lixando com a exposição de suas vísceras. No afã de absolver a ditadura cubana, Lula iguala presos políticos a criminosos comuns. E fica por isso mesmo. Meia dúzia de bolsas família e ele é o cordeiro de Deus que tira os pecados da América Latina.

Afe!..

De um país dos latifúndios passamos para o país dos vagabundos, mamando nas generosas tetas do Estado partidarizado. Vagabundos e ladrões. Vamos votar nessa súcia, brasileiros. Mas segurem os bolsos, as meias e as cuecas.

O PT está de olho.

1 Todos bem, por aí, com novos planos. Preso no duro só o da oposição, Arruda de Brasília. Não é interessante? Porém mostra quem segura a vara no país. E não é o povo...

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