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Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Carnabundagem

Por Galindoluma, de Salvador

O carnaval esse ano foi tão gostoso, nem li artigos de antropóloucos que ficam em casa, escrevendo sobre o sofrimento do povo que está na rua a morrer de se divertir. Ano passado disse que se o carnaval fosse como eles querem, só teríamos nas ruas uns poucos professores aposentados das universidades federais e estaduais como a UFBA e UNEB, pulando a marchinha da Cabeleira do Zézé. Seguem abaixo, alguns comentários:

Ali na Barra há uma igreja evangélica aberta durante os 7 dias de carnaval. Pensam que era para oração dos perdidos? Que nada!

Estavam os obreiros na porta cobrando R$ 2,00 por uma simples mijadinha. Que os representantes oficiais da criatura das alturas adoram dinheiro todos sabemos, agora os caras aproveitarem a festa do capeta para arrecadar é no mínimo...

A festa que abriu o carnaval foi uma beleza, inclusive o ingresso que era vendido a R$ 20,00 pelos cambistas desolados. Obviamente que a apresentação de Ivete foi melhor do que a estrela norte-americana, que é bem gostosa, faça-se justiça. A moça de Juazeiro disse que a super-pop viria morar em Salvador e que iria comprar uma casa para ela em Periperi...

O que mais me chamou a atenção na festa foi uma curiosa cena no banheiro químico, a moralizar. Preocupado com a nova lei que prende mijões inveterados, tentei adentrar o pequeno espaço e me deparei... conto?

Conto.

Bem, o lugar de despejar cerveja era palco de um tremendo boquete feito por duas criaturas, que nasceram com o sexo masculino. Acho que a lei que pune quem mijar na rua deve punir também boqueteiro de sanitários químico...

Falando nisto, logo no primeiro dia, a quinta, uma moça atentava o pudor quando o Grupo Revelação adentrava o Campo Grande. Em cima de um camarote, ela se dirigia a Xandy, vocalista dos sambistas cariocas, e simulava sexo com uma enorme vibrador. Rebolava por cima, simulava masturbação e por fim engolia o objeto inteiro. Era uma bela morena, alegre, que chamava a atenção; não só pela extravagância e "criatividade". Isto sim é carnaval...

Amiga minha, turista, disse que nos blocos a pessoa não tem vontade própria. Vamos sendo empurrados para um lado e para o outro, ao sabor das ondas humanas. É isso mesmo. Quando o bloco Camaleão entra na Carlos Gomes é um verdadeiro massacre; e isso vale para quase todos.

Inegavelmente, Carlinhos Brown é o cara mais criativo do carnaval da Bahia, excluindo as muitas bobagens que fala. Antes de continuar, me lembro agora que ele virou ambientalista e numa entrevista disse que iniciaria uma campanha contra os chicletes na areia... Bem, eu nunca vi isso na areia, mas se Brown viu, talvez sua campanha faça sentido. “Que loucura é essa meu irmão?”, como diria Durval.

Carnaval de Salvador tem muitos problemas, mas é a maior e mais animada festa do planeta (...) - sem dúvidas. Malhadões, policiais bandidos, ladrões, essas coisas ruins todas se encontra em profusão. Um outro ingrediente desagradável se adiciona à escória citada: são os filhos de Gandhi, bloco predominantemente composto por homossexuais, além de ladrões, desordeiros e garanhões pés-de-chinelo. As pragas gandiístas se espalham por todo o circuito e cercam os blocos com aquele cheiro desagradável, a infelicitar a vida das pessoas. Uma amiga disse que um deles a beijou de maneira forçada e que a boca dele exalava cheiro de esperma. O pior de tudo é que as desgraças nem escovam os dentes depois que fazem sexo com seus parceiros antes de irem para rua, se passarem por machos...

Além do gandhi problema ser o Ghandi, nós temos outros na festa do Satanás. Primeiro os caras que vão à rua com intenção de trocar murros. São uns doentes incuráveis que teremos de suportar eternamente. Agora, o outro, o da flatulência carece de uma campanha pública, pois além do desconforto que provoca, é um gás venenoso que aumenta o buraco na camada de ozônio - ou seja, é uma ameaça à preservação ambiental que nem o PV aborda. As pessoas se sentem inteiramente à vontade para liberar gases porque sabem que no meio da multidão ninguém vai desconfiar e se desconfiar... não terá certeza.

Um turista evangélico de São Paulo se dirigiu a mim na praia e disse que eu não pularia o carnaval, pois o tacão de Deus ia me atacar antes da festa, para me punir, por não ter fé em seres inexistentes, como Papai Noel, coelho da páscoa e Deus. Se por acaso tivesse acontecido algum acidente que inviabilizasse minha presença, alguém iria dizer que o Homem lá de cima me punira. Eventualmente eu poderia me acometer de alguma doença, mas não teria nada a ver com vingança divina...

(*) Galindoluma é heterônimo de Botelho Pinto e de Odnilag Amul. É estudante de patafísica e homem de pouca fé. Ele não se apega a bens materiais, à exceção do dinheiro. É a favor da monogonia sucessiva e acha que não há vida após o casamento. Ele escreve enquanto bebe e bebe enquanto escreve.

1 A maior festa do mundo, carnaval de Salvador. Dizem...

2 A beleza carioca ou soteropolitana, o que vale?

Galindoluma não é exatamente elogioso com os filhos do Gandhi ji.

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