Rua Augusta acarpetada
Por Daniela Brusco, de São Paulo
Foi como um passe de mágica: da noite para o dia, a Rua Augusta amanheceu acarpetada. Não posso precisar o ano, mas lembro que era época de Natal. Da Rua Estados Unidos até a Av. Paulista, o asfalto foi totalmente coberto por quadrados coloridos de carpete.
Era muito agradável passear por aquela imensa sala de estar; e a céu aberto.
Porém o mais interessante e surreal, eram, sem dúvida, os sons. Tudo abafado pelo carpete. Buzinas e freios amortecidos, bem como vozes, ruídos de passos e portas de ferro das lojas. Muito civilizado.
Tão civilizado, que não foram vândalos estragaram a festa, e sim as chuvas de verão, que fizeram descolar e soltar, a princípio as pontas dos quadrados e, por fim, todos os pedaços do gigantesco carpete.
Durante alguns anos, ao caminhar pela charmosa Rua Augusta, ainda deparávamos com pedacos abandonados de tapete colorido, como pedaços de sonhos de uma grande colcha de retalhos.