Elucubrações cinematográficas e lingüísticas

Por Ludwig von Albarus, de Pedra Azul, Minas Gerais

Aqui no nordeste de Minas Gerais, em pleno vale do Jequitinhonha, há certa cidade onde todos, mas todos mesmo, eram absolutamente, cabalmente, completamente fissurados por filmes de faroeste. Um belo dia, o dono do único cinema local me segredou:

-" Este fim-de-semana lavo a égua, vou encher as burras de dinheiro; imagine que consegui alugar,em Belô, um filmão: - Duelo ao Crepúsculo, com John Wayne, vai ser casa cheia, quatro sessões, sábado e domingo".

Anunciou com estardalhaço o nome do filme pelas ruas. Contratou malabaristas de um pequeno circo local para durante a semana promover grande divulgação.

E chegou o grande dia, a matineé, totalmente vazia...

Nenhuma viva´lma.

Mais adiante, sessão das 20:00, nada. Igualmente vazia. Ninguém mesmo!

Estranheza total, o que havia acontecido?

Ocasionalmente, naquele fim-de-semana, estava na pousada fina da cidade o grande ás das comunuicações, Fernando Barros, cuja carro havia quebrado na rodagem da BR-116 e estava na oficina do Ico, tendo o homem que aguardar até a seguinte terça-feira.

O caso do cinema vazio chegou aos seus ouvidos.

Foi imediatamente falar com o dono do cinema, a quem prometeu, após um trabalho de pesquisa e propaganda, casa cheia na próxima semana. O dono do cinema aceitou:

- "Pago para ver!"

Fernandinho arregaçou as mangas e pôs-se a campo. Pesquisou, fez enquetes e chegou a uma conclusão. Voltou ao dono do cinema e ajuizou: - "Mude a propaganda, se quiser casa cheia no sábado e domingo". E deu a dica sobre o que deveria fazer. Seguiu religiosamente.

No sábado, batata! Casa cheia. Domingo então nem se fala. Lotada.

Por que?

Fernandinho havia sugerido ao dono do cinema que mudasse o lema da propaganda, alterando o nome do filme. O cinéfilo dono do cinema havia concordado e alterado, com sucesso, para:

Tiroteio à tardinha.