Os Magros
Este livro originalmente dos anos 1960, tornou-se em suas edições subseqüentes e em termos regionais um pequeno sucesso, verificadas as condições de quantidade de leitores daquela área, a zona do cacau na Bahia.
Seu autor, Euclides Neto, captou com inegável magia o contra-ponto singular entre a novela com toques realistas, discorrendo sobre pobres e ricos; com suas tensões sociais.
Ricos pela excepcional rentabilidade da cultura dos grãos que vão a chocolates e pobres pelas talvez um tanto cruéis condições de existência e trabalho das pessoas a manter o cacauais.
Sua segunda edição, em 1993, um pouco a contra-gosto do escritor pois não era entusiasta da obra, permitiu aproximadamente 3.000 exemplares fossem vendidos ou distribuídos pelo eixo Jequié-Itabuna-Ilhéus.
Esgotada a edição e falecido mestre Euclides, a Littera Editores tomou à frente para nova empreitada a divulgar esta singela obra, renovando a edição de 93, mantendo o belíssimo trabalho de capa de Carlos Guena. Revista e minuciosamente reeditada por Julia Bussius, com projeto gráfico interno de Nikolas Lorencini. Um belo trabalho, atendendo ao público leitor daquela região, carente das reedições dos livros de Euclides Neto (1925-2000).
Dizia dele Hélio Pólvora; ”Já uma vêz, quando prefeito de Ipiaú, Euclides Neto amargou perseguições político ideológicas e prisão por haver criado a Fazenda do povo-uma tentativa bem sucedida de coletivização. Ele foi um advogado dos pobres. Atuou em muitos processos de terra, em favor dos despossuídos.”
Ler Euclides Neto é ler o Brasil. Vejam a descrição trágica neste trecho de Os Magros:
João foi olhar a cova do filho. Uma força estranha arrastou-o até lá. Não sabia mesmo se era saudade. Já andava tão gasto,batido por tanta fome, tão acostumado a perder os meninos, que nem sabia se ainda sentia falta de mais um que se fora, como os outros. Suas preocupações andavam reduzidas ao facão, à fome e ao trabalho.