O grande banco não resiste a Freud...
Hm, recebo aqui da Gerente Personalité (hu, hu) uma carta informando que a gerente da minha conta agora é Audlei de Souza. Curioso.
Me perdi totalmente. Seria um nome masculino, feminino ou neutro? (Sim existe os de dupla validade, Darcy por aqui vai para homens e mulheres e nosso chefe de fábrica, anos atrás, era um tal de Abigail das Pingas, que em alguns cantos é nome de senhora. Nos EUA Marion é para macho, na Alemanha é para mulher...)
Penso a gerente Audlei deve ser mulher, e bonitona. Se o banco for dos traquejados, hm, com certeza moças atenderão os homens e vice-versa.
Mas o curioso, vejam ao lado (cliquem para ampliar) é o mistério envolto.
Não há endereço, não se cita a agência, nem telefones e e-mail, este tão protegido por estes dias, nem pensar.
O banco é tão “discreto” (e a gerente tão sem “saco” de atender) que o cliente nem tem como contatar a nova, demitida a anterior (e me informaram estava de licença médica...)
Seria necessário ir ao armário, à pasta, à divisão do banco específico, procurar qual agência, o número de seu telefone, perguntar pela moça, seu ramal, etc. etc. etc.
Sigmund Freud adorava estas coisas, era assunto de estudo em seu volume Psicopatologia do Cotidiano. Hoje recebo do nosso advogado, que não se encanta com nossas causas, pois as perde praticamente todas (o que não é um problema, com a bestialidade tendenciosa dos juizes de trabalho nesta república), um nota dizendo que em um novo caso a surgir, para resolver, devemos procurar o “médico”...
O ato falho, ocorre a todos.
Meu filho mais velho, um eterno lutador contra o acordar cedo, apesar de ser obrigado desde os tempos de escola a tal, tem um início de dia terrível, com humor teratológico. Meninote, já sofrendo do assunto, detonava a alguém que ligasse à tarde ou à noite: “Residência Sicrano! Bom dia!”... seu bom dia só iniciava à tarde, quando o humor melhorara.
Ou o chefe de inspeção da bibobiquinha onde ganho meus cobres, inquirido sobre o material montado errado por um dos terceirizados, mas por culpa sua na falha de acompanhamento, no dia seguinte me deixou claro, que o erro era do comprador e havia escolhido aquele fornecedor; e que eu deveria procurar por outros... E já avisara a todos que eu ia fazê-lo... (!). Em seguida, conscio do absurdo, faltou para “exames médicos”...
Logo após o falecimento do meu pai, lá vão 30 anos, minha mãe ao ligar para mim, se fosse assunto que agradasse, me chamava pelo prenome do pai, no que a corrigia duas ou três vezes em seguida. Talvez com alguma saudade dos tempos mais seguros, imaginados findados com sua morte, o ato falho se instalava renitente.
Quando porém o assunto era grave e preocupante, dizia “e como vai resolver isto, meu filho?”. O mesmo ocorria em relação à minha irmã, que indo à Europa casar, dizia minha mãe: “ E esta sua filha...”. (filha?). Como se não fosse minha irmã e nem sua filha, pela "traição" de ir morar longe. Quando a mesma vinha em visita, o que era sua grande alegre expectativa, perguntava a mim: “nossa filha, já chegou?”. Errava o parceiro, mas era o que havia de mais próximo ao contorno do falecido.
As razões ficam para os analistas, os atos falhos porém são nossos. Até coletivos, como para todos os clientes desta agência de banco.
Somos assim.