Big shirt city
Por Ildásio Tavares, de Salvador
Os mais atilados perceberão que o título desta crônica é uma tradução livre do nome original de uma das cidades mais grandiosas do mundo. Cidade acusada por alguns de responsabilidade no aquecimento global, devido seus habitantes se vestirem com longas camisolas de dormir à noite. Envergando essas camisolas, os íncolas efetuam seus conúbios carnais, aumentando logicamente a temperatura do planeta; provocando o derretimento da calota polar com seu ardor fescenino; contribuindo para a explosão demográfica, pois de camisola em camisola todo sexo se atola.
Cidade do Camisão. Vulgarmente conhecida como Ipirá City.
Ipirá, segundo uma prima de Consuelo, quer dizer peixe de água doce, pira ou pirá, quer dizer peixe e eu mesmo jamais me arrisquei a procurar o significado de pirarucu, sei só que tem rima.
Essa água que batiza o Camisão, provavelmente é a água da Caboronga. Essa fonte tem não só a fama da pureza cristalina de suas águas, mas como a fonte de Hipocrene, na Grécia Antiga, dizem que se alguém beber dessa água fica esperto de um jeito o mínimo que ele chega é ser um grande crítico nacional, Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça, Diretor do BNDES, Deputado Federal, escritor e construtor de hidroelétricas e Produtor Musical, de tudo quanto é artista que interessa neste país, com ajuda da mulher.
Ainda tem cantor da massa de mandioca, atriz de poesia consagrada, professoras e doutoras, tudo bebeu a água da Caboronga, tudo da Big Shirt City, a notória Camisão, cujas noites frias incitavam ao calor. Esta cidade só encontra similar mesmo em duas outras muito perigosas que são Salvador, onde quem menos sofre anda de ré pela esquerda e Santo Amaro, cujo Caboronga é o Rio Subaé, única cidade em em que o sujeito vai para Portugal e não perde o lugar; o reprovado é aprovado e onde a cobra mordeu Caetano; e quem morreu foi a cobra.
Mas olhando de perto, o PIB de Camisão "O Produto de Inteligência Bruto", é maior porque sua densidade demográfica é menor. E o pior é que sem o camisão, deram para transar mais ainda, e é, vem gênio.
Esqueci de uma figura da direita universitária que ganhava todas as eleições no Diretório de Direito, político astuto que agora não ganha nem para síndico do seu prédio. Tem mais gente, porque todo mundo é famoso no Camisão, mas é que a memória do poeta setentão já começa a fraquejar. Vou pedir ao ilustre bacharel, Dr. Luciano Cintra, oriundo da Big Shirt City que me refresque a memória, porque esta urbe tem material humano suficiente para umas dez crônicas.
Quem sabe eu não pergunte ao meu primo Darlan que enterrou o umbigo por lá, ou ao meu outro primo Carlinhos, versado em questões jurídicas; ou ainda ao meu chuleiro amigo Raimundo Sodré e sua aprazível filha Inaê; ou a Adailton e Yeda, que engolem o cenário musical do Brasil brindando a Bahia com o que há de melhor no show business nacional; e last but not least, perginto a meu irmão Joaci que, com sua memória prodigiosa e talento de ensaísta saberá listar todo povo importante do Camisão ad camisonitatem.