Elucubrações do serpentário
Por Ludwig von Albarus, de São Paulo
De conhecimento de todos, sempre trabalhei na área de pessoal.
Meu primeiro emprego foi na Companhia Concessionária Cantareira, empresa de origem inglêsa; e naqueles idos a responsável pelos serviços de águas e esgotos da capital de São Paulo.
Eu era auxiliar de campo do departamento de pessoal e meu local de trabalho às margens da represa de Guarapiranga, no escritório da companhia, um pavilhão de madeira onde ficavam os cartões de ponto e documentos típicos dos empregados que atuavam ali, na primeira tomada d´água.
Eram uns vinte.
Minha rotina diária : tomava um ônibus até a Praça do Patriarca, ia a pé até a Praça João Mendes e tomava o bonde a Santo Amaro, até o Largo Treze. Dali um ônibus me levava ao Largo de Socorro. Mais vinte minutos caminhando me separavam de meu tão aprazível local de trabalho.
Entrava às 7:10, todas as manhãs.
Assim ia, de segunda à sexta. Porém era trabalho em que a cada momento surgia uma nova situação.
Às segundas-feiras, por exemplo, era uma verdadeira festa, por que? Explico : porque eu abria o escritório e após espantar as cobras que aproveitavam o domingo para se refestelar no quentinho do barracão, éramos nós que nos acomodávamos regiamente!
Pensam que este paraíso se perpetuou? Ledo equívoco, daí talvez dez meses adiante fui transferido para a sede da empresa, na Rua Riachuelo, no centro da cidade. Pensam que não senti falta de minha “vida campestre”?
No centro as cobras eram outras. Pior: não mordiam...