Hipocrisia, o lema do século XXI
O cataclisma haitiano leva a nós simples humanos o pensamento sobre o que de fato ser a hipocrisia. Certo leitor de grande jornal brasileiro pergunta ao público por onde andam as ricas igrejas, que tanto coletam de seus membros, principalmente as evangélicas? Nada fizeram neste caso haitiano. Nem um tostão, poucos gestos. Algumas rezas, talvez...
O governo petista mostrou-se mais ligeiro, enviando modesta ajuda e confirmando ficarem lá em missão de "paz" por outros 5 anos. Já no caso de Jardim Pantanal e Paraitinga, assuntos de calamidade local, como sempre menos ou nada se fez. Não dá “mídia”, diria um político experiente... A ajuda brasileira no Haiti entretanto a contrapor algum desprezível peso à massa militar americana; que lá se fixou nos últimos dias, em missão humanitária.
Nenhuma personalidade política de peso foi à ilha, excetuado o insosso e desinteressado super-funcionário chefe da ONU. Dizem ser tão discreto (e tão desinteressado), nem seu mais próximos colaboradores conseguem decorar seu nome... Alguém sabe?
De qualquer forma sabemos que o papa não apareceu por lá, a igreja universal informa que nada doou (nem nunca doa) mas todos os seus membros, pastores e bispos saíram ilesos, provavelmente por serem o que são e terem o corpo fechado, dir-se-ia no candomblé (esse por sua vez também nada doou aos irmãos de cor na distante Porto Príncipe...).
Obama não foi, nenhum pistolão europeu ou asiático, os vizinhos cubanos dizem ter mandado 200 médicos, mas Raulzito não mostrou as caras. Lulalá, que poderia marcar 1.000 pontos a mais, quem sabe batendo em 100 % de aprovação, pediu fosse o verborrágico pau para toda obra e desastres Nelson Jobim, com seu cômico uniforme de campanha. E assim o mais ético dos éticos também não se locomoveu.
O presidente americano, em ação que diria correta mas hipócrita, com todo respeito, desenvolve um esforço humanitário tremendo na ilha, enviados porta-aviões, navio hospital, helicópteros e ajuda à remoção de escombros. Para não repetir a visível indiferença de Bush com a maioria pobre (e negra) de Nova Orleãs na catástrofe do furacão Katrina.
Pelo Afeganistão e Iraque, porém, após um ano de mandato do novo presidente, continuam por lá, com bombas, tiros, mortes e aí vai. Desde 2003, 45.000 iraquianos já passaram a observar raízes pelo lado de baixo, mas isto não comove a elite política americana, a indústria petroleira e bélica. Os iraquianos e afegãos pagando pelo ataque de sauditas às torres novaiorquinas. Eram sauditas, repito.
E segue a guerra, à la Vietnã, com as razões de sempre, como se aqueles povos milenares precisassem de americanos e outros primeiromundistas para gerirem seus destinos.
São assim, hipócritas mesmo.