Elucubrações noturnas
Por Ludwig von Albarus, São Paulo.
O engenheiro Ricardo Rodrigues de Moraes é das pessoas mais inteligentes com quem tive oportunidade de privar. Consta que ele é titulado em oito modalidades de engenharia. Foi meu colega de turma na faculdade de direito. É uma pessoa que tem indizível sede de conhecimentos.
Até 31 de março de 1964 era diretor da divisão de telex dos Correios. Junto com os engenheiros Zenon Lotufo e Max Fortner trabalhou na implantação do concreto aparente no Brasil.
Foi ele quem me ajudou na reforma da casa onde moro. No passado anterior morava ao lado da Fundação Armando Álvares Penteado.
Transcorria o mês de junho de 1969. Fazia um frio do cão e a 1:30 da madrugada São Paulo estava envolvida numa garoa típica de gelar os ossos.
Eis que toca a campainha.
Saí da cama, dizendo à Regina Helena:
-“ A essa hora só pode ser polícia!”
Lêdo equívoco! Vi parado em frente um Renault Dauphine aqui fabricado pela Ford Brasil, pé-de-boi, e não é que era o Ricardo?
Dizia ele:
- “ Precisamos ir até a obra, pois cismei que amanhã cedo começam a quebrar as vigas invertidas do telhado. E não podem fazer isso, senão a casa cai.”
- “ Mas Ricardo, são duas da manhã e não há luz na casa, vamos acabar levando uns tiros dos pedreiros que dormem lá.”
-“ Não importa. Vamos lá.”
E fomos. O pedreiro levou um baita susto. E sonolento, absorveu as orientações técnicas do engenheiro, os dois encarapitados numa escada, com luz improvisada. O episódio encerrou-se às três de la matina.
Anos após, o engenheiro Ricardo voltou para São Paulo, depois de residir em Ribeirão Preto. Para um encontro profissional, do Formiga e do Sabiá. Eram seu filho e o meu.
Até hoje são amigos...