Por favor, não venham. O vizinho não gosta
Querida filha,
não se irrite, o mundo sempre foi assim. Uma minoria a azedar a vida da maioria, dizendo-se certa e todos os demais errados. Independentemente de serem esses poucos governo, terroristas, professores desinteressados, atendentes de lojas e até pais, padres, pastores, rabinos, imãs e toda a turma a qual, imbuída de alguma autoridade, somente no “não, não pode” locupleta-se em sua às vezes doentia ânsia por autoridade; autoritarismo, na verdade.
E nós, maioria, desde tempos onde a nos dissemos sermos homens, nas mais rústicas condições tribais, nos curvamos.
Somos assim.
Entenda por favor: os EUA não desejam mais a presença de estrangeiros, nem como turistas. Menos ainda como imigrantes de qualquer origem ou, enfim: até em trânsito não nos querem. Vistos complexos, entrevistas, impressões digitais, fotos, interrogatórios com o inegável intuito de pedir: plizzi, não venham.
Queda de 17% no número de pessoas para lá viajam, desde que os desqualificados maometanos míopes derrubaram as torres em Nova Iorque. E seus vizinhos de baixo, os mexicanos e todos os demais países latino-americanos também se curvam à minoria gringa a não desejar visitantes, imigrantes e estranhos por lá. Por muitos anos gritou-se Ami, go home! Agora eles dizem: go home você, baratinha.
Incluindo nesse esforço bloqueador o México, para onde quer viajar. Dizem país bonito, povo um tanto sofrido e infelizmente dependente do vizinho ao norte. Com fronteira aberta difícil de controlar
Por isto não querem visitantes fáceis que "possam atravessar o Rio Grande a colher flores e tomates no Texas.". Não é seu caso, penso mais interessada em pirâmides, música mariachi, Frieda Kahlo, Rivera e tudo aquilo hoje a pedido dos vizinhos complicam ver. Conhecer, desfrutar
Por isto, filhota, infernizam a vida de nós brasileiros, a dificultar ao máximo a viagem, incluindo agora visto com exigências “americanas”.
Por isto não só a passagem de ida e volta mas a certificação de renda, etc. etc.; e a exigência de passaporte válido por pelo menos meio ano. (Cujo intuito confesso não entendo, mas as chicanas burocráticas nem sempre têm lógica.)
De qualquer forma, nós cucarachas turistas e os hermanos para lá imigrantes à procura de melhores condições que aqui no quintal sujo, não somos bem-vindos; e para tal complica-se tudo.
Posso sugerir algo? Que tal outro destino, mais afável? Portugal, acredito ainda menos agressivo com visitantes do que os "US-dependentes" mexicanos, é uma opção. África do Sul? A bela França que não exige o papelório todo ou até os países escandinavos?
A conferir.
Por aqui também as minorias autoritárias querem brasileiros viajem muito menos ao exterior (as divisas, as divisas...) e por isto complicam ao máximo a emissão do passaporte, caro como o quê. Demorado e colocando o cidadão sempre como eterno bode expiatório de crendices burocráticas, no termo: sem papel você não é nada. E não é cidadão mesmo.
Basta ver a garota presa no Pará e jogada como carne aos famintos encarcerados. Não pôde provar se era “de maior” ou “de menor”... Pois se fosse “provado ser maior de idade”, seria atenuante?
Governos são assim. Até nas terras de Emiliano Zapata...ou da Ana Júlia.