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Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Elucubrações automobilísticas – Comprei por cinqüenta e vendi por dois...

Por Ludwig von Albarus, de São Paulo

Perambulando por Brasília com o Dr. José Alves naquela data de 1986, ele procurador da república, pegamos um elevador errado e fomos parar no porão do prédio, onde vi um carro imundo, com literalmente galinhas fazendo dele poleiro. Pensei cá com meus botões:

- “Olha que debaixo desta sujeira há uma preciosidade...”

Imediatamente chamei o zelador do prédio, a quem perguntei: - “De quem é este carro?”

- “É meu respondeu ele. Me foi dado por um desembargador já idoso e enfermo, impedido de dirigir.”

-“Compro do senhor!”

O homem pensou um pouco e disse:

-“Quarenta e cinco mil”.

Retruquei: -“Dou cinqüenta em um cheque para o final do mês que vem.”

-“De acordo!”

Saímos correndo ao departamento de trânsito para acertar os documentos.

Doutor José, aproveitando seu prestígio, (passando à frente da plebe) providenciou para que o carro saísse com documentos em meu nome e licença nova (AS-1737 de Brasília...)

Voltamos àquele porão. O carro estava lavado, mal e porcamente. Um legítimo Dodge Le Baron, top de linha, ouro metálico, teto de vinil bege, estofamento de veludo marron, 3.000 quilômetros rodados.

No dia seguinte saí de Brasília pelas 8 da manhã e aportei São Paulo às 20 horas, viagem sensacional apesar de solitária.

Por aqueles tempos, trabalhava eu na Vasp. Certo comandante, quando me viu com o carro, literalmente gamou! E ao me encontrar, dizia:

-“Vende o carro?”

Dessa forma, por quase um ano!

Em umdomingo foi me visitar amigo que trabalhava na Rua Barão de Limeira, viu o carro e disse:

-“Belo carro, vale uns quinhentos na boca...”

Logo pensei... em me livrar do tal comandante. No dia seguinte, ao chegar na empresa, adivinhem quem encontrei? O tal comandante, que logo foi à carga:

-“Vende o carro?”

Respondi:

-“Vendo, dois mil cruzeiros para me ver livre.”

Sabemq ual foi a reação do ofertante? Tirou um talão de cheques do banco do estado, preencheu um cheque de dois mil cruzeiros e me estendeu.

-“Levo o carro na hora do almoço!”

Me deu uma tremedeira nas pernas... E fiquei com quatro vezes o valor.

Mas sem o carro...

O Le Baron era uma máquina e tanto. Bebia um pouco... mas quem não bebe?

Vejam o anúncio, que primor!

Comentários (clique para comentar)

LUDWIG VON ALBARUIS - 12/11/2009 (12:11)

FOI A GRANDE BURRADA DA MINHA VIDA !!!! CHORO ATÉ HOJE .

Sabiá - 11/11/2009 (11:11)

Perfeita elocubração, Existem coisas que simplesmente não tem preço quando o coração manda! Acontece muito na vida e poucos se dão conta...Imagino tal Cmte até hoje a desfilar com "seu" Dojão...