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Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Noruega e Bahia

Por Ildásio Tavares, de Salvador.

Recebo muitos e-mails figurando outras terras, outros países, outras culturas e quando tenho tempo vou repassando estas páginas coloridas de humanidade. O exótico, o pitoresco, o estranho se misturam nestas figurações que, muitas vezes, me chocam ou me assustam. Coletâneas de fatos bizarros comprovam a capacidade do ser humano de ultrapassar suas próprias limitações. Na Índia, no Nepal, nos países árabes chego a me espantar com as proezas acrobáticas ou com a capacidade e adaptação deste ser aos ambientes mais inóspitos; às condições mais desfavoráveis de viver, de trafegar, de trabalhar.

Invariavelmente, tendo a comparar estes povos com o nosso e, posso estar errado, mas povo brasileiro descobriu a fórmula de sobreviver sem perder a alegria de viver, aquilo que os franceses chamam “joie de vivre”,. Dentro das condições econômicas mais precárias o baiano vai achar um motivo para a festa; o baiano não cultua a amargura; não se entrega à inércia. Mais que isto, o baiano descobriu como ganhar dinheiro com a festa. No carnaval, por exemplo, metade da família trabalha uns dias e nesses dias a outra metade brinca. Depois os papéis se invertem.

Presente nosso senso de humor, nossa autoironia com que a gente vai enfrentando a adversidade. A mistura de raças vai criando uma fisionomia especial e as diferenças se amenizam, a cordialidade continua, apesar do crescimento da criminalidade que merecia uma repressão mais bem estruturada. Nos países do primeiro mundo as polícias são finamente treinadas; equipadas com armamento sofisticado e ganham muito bem. Nada mais justo para quem arrisca sua vida pelo bem de sua sociedade. O combate ao crime é minuciosamente planificado, assim como o trabalho de base em comunidades carentes ou rebeldes.

A Noruega tem aparecido muito na minha internet. Fico olhando aquelas fotos álgidas, limpíssimas, higidamente geladas e fico pensando, será que vale a pena viver bem dentro de uma geladeira e fazer curso de picolé? Lá não tem praticamente crime, analfabetismo, as pessoas são solidárias e educadas, se cumprimentam na rua. E a alegria de viver? E o reggae? E o samba? E a negrada na rua no carnaval, o Ilê, o Olodum, o Muzenza? E o Trio Elétrico? E o sol? A praia o ano todo? Lá não tem nada disso não. Falta tempero, molho.

Já pensou a gente vivendo ao pé daquelas montanhas geladas? Seria dose pra leão gelado.

Mas também vamos aprender um pouco com a Noruega. Vamos botar ordem na casa. Vamos combater essa corrupção desenfreada que está aí. Vanos planificar a segurança pública, francamente caótica. Vamos armar bem nossa briosa polícia que se exaure num combate às vezes em inferioridade de fogo, mesmo assim vai lá e nos defende. Vamos ensinar nosso povo a ler e escrever. Vamos dotar o país de uma infraestrutura decente, boas estradas,escolas, hospitais, portos.

Vamos botar um pouco de Noruega nessa bagunça tropical.

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O ritmo é outro, mas a diversão aqui é maior. Apesar da tal eficiência nórdica hoje em dia não mais ser tão propalada. Churrasco na Noruega? Nem pensar...

"Festa" germânica, 90 anos de uma empresa. A nós parece um velório...

O bar das caipirinhas e batidas em terras da Bahia é inigualável. Tanto que a tal "Kaipy" já é drinque preferido em muitas paragens do dito primeiro mundo.

E pode-se aprender um do outro. Como este noruegues no mercado de farinhas de Ipiaú, ao lado de uma "fregueza", aprendendo sobre as qualidades das farinhas, que adorou.

Ou este outro agringalhado, bisbilhotando e aprendendo os segredos do acarajé. Ou seria apenas para se aproximar da "acarajé lady"?

Há formas e modos, festas e diversões. Lá mais sério, por cá não damos tanta importância a isto. E também não a segurança pública, ao aumento desenfreado da corrupção e por aí vai.

Comentários (clique para comentar)

- 07/10/2009 (15:10)

Sem dúvida. É da firma JLIT de Trondheim, Josef Jeck Trottervald...

Cornelia - 07/10/2009 (14:10)

Um norueguês na longínqua Bahia...deve estar a procura de petróleo

Daniel - 07/10/2009 (14:10)

Que cara mais sem graça, totalmente chvão