Foto do Hermógenes

Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Casa Cor de 15ª categoria

Por Bernardo Almeida, www.bernardoalmeida.jor.br

Com quase todos os ambientes decorados em torno de um aparelho de televisão de plasma ou de cristal líquido (LCD), mirrada criatividade e muita cafonice, a Casa Cor Bahia 2009 está deveras distante de ser uma representante fiel do slogan que ostenta “A Marca do Bom Gosto”.

Sem sombra de dúvidas, a pior edição que já freqüentei aqui na Bahia. Sob o tema Sustentabilidade, 52 profissionais – provavelmente indicados pelos “Antigos e Novos Donos da Bahia” - assinam 37 ambientes que são de uma raridade cômica.

Nem de maneira sofrível conseguem atingir o objetivo de apresentar ao público local as tendências nas áreas de arquitetura, design de interiores e paisagismo no Brasil e demais países do globo.

Em meio a tanta breguice, coroada pelo excesso do excesso do excesso, chamou-me à atenção um descomunal cavalo preto situado em um dos ambientes, cuja função, além de chocar, era de servir como abajur. Curiosamente, a lâmpada ficava sobre a cabeça do equino, conferindo luz ao animal, dando-o a iluminação que o arquiteto não teve no momento de compor aquele desastre.

Na tentativa de prestar uma homenagem, também acabaram por desprestigiar o profícuo e magistral artista plástico e paisagista paulistano Roberto Burle Marx. “Tirem meu nome daí, vocês não entenderam nada”, vocifera seu esqueleto na tumba.

Mas, o pior mesmo ficou a cargo do novo empreendimento da JCG, o Solaire, cujas obras começarão logo após o término do evento. O Solaire será erigido sobre as ruínas da residência que abriga a Casa Cor, na Ladeira da Barra. Demolirão um lindo e antigo casarão, instalado numa área de mais de dois mil metros quadrados, para dar lugar a uma torre com estética de prédio de COHAB – claro, com as devidas adequações à classe econômica a qual o empreendimento se dirige. A fealdade e a cretinice oriundas da mão e do intelecto dos mentores desse projeto serão minimizadas, ao menos parcialmente, por conta da existência da Baía de Todos os Santos.

Realmente, é uma grande hipocrisia falar em sustentabilidade na décima quinta edição da Casa Cor Bahia. Trata-se de mais uma estratégia para escamotear as investidas agressivas desses gigantes acéfalos movidos à grana que odeiam a nossa cidade, e que por isso mesmo querem transformá-la em outra, completamente distorcida da idéia que Salvador representa para seus admiradores mundo afora. Sustentabilidade? Eu bem entendi. É a velha tática: esconder o lobo sob a pele de um cordeiro.

Um brinde à brega chique elite nossa – composta por caboclos com nomes ingleses e franceses – que substitui violentamente a cultura local por qualquer lixo que surja como “a grande tendência já consagrada internacionalmente”. Haja subjugação, degenerescência e sentimento de inferioridade cultural.

Gentil indicação de Robert Leroy. E pelo visto Bernardo Almeida não é fã da arquitetura e decoração rebuscada a preços elevados, meio brega e deselegante.

Breguice?

Cafonice?

Falta de estilo?

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