Lídice - o estelionato da esquerda
Por Ildásio Tavares, Salvador
Conheço Lídice e Ary da Mata desde outros carnavais quando existia uma ditadura militar no país e uma esquerda que tinha vergonha na cara e queria morrer pela salvação do povo brasileiro; uma esquerda pura, hígida, casta, messiânica, alguns elementos que vi sucumbir a seus ideais; outros desaparecer.
Conheço Lídice desde Ipiaú, onde vicejava a Fazenda do Povo sob a égide de Euclides Neto, uma das mais dignas, elevadas e brilhantes figuras deste país, meu concunhado Euclides Neto, amigo do pai, da família de Lídice, todos comungando da causa do povo; todos mirando-se na vitória do socialismo na pequena ilha do Caribe, Pátria o muerte venceremos.
A minha esquerda, a de Euclides, a de Lídice queria morrer por uma causa nobre. Esta esquerda reles, vil e corrupta quer continuar vivendo por qualquer causa, quanto mais abjeta, melhor; quanto mais baixa, mais causa, porque quanto mais o Partido dos Trabalhadores se abaixa, mais o seu oculto aparece. A começar pelo estelionato que pretendem aplicar num dos ícones políticos mais honrados, mais limpos, e idealistas que eu conheço, a Sra. Lídice da Matta, que é traída mas não trai; que sofre da vilania política de seus supostos aliados mas jamais praticará vileza – pagará o preço caro da honradez, da fidelidade, da lealdade e da certeza de que a causa do povo está acima dos interesses dos partidos.
Não só de Ipaú, conheço Lídice de sua vida pública e de sua consagradora vitória nas urnas, primeira prefeita de Salvador, Cidade das Mulheres, como frisou a antropóloga americana Ruth Landes. Tive o maior orgulho de entrar de cara em sua campanha, e de escrever artigos neste mesmo cantinho, LÍDICE A ÚNICA OPÇÃO, um deles. Comícios, carreatas, showmícios, palestras lá estava eu rente e não em busca de um empreguinho qualquer mas cônscio de que, lutando por Lídice eu lutaria pela mulher baiana, ampla maioria despossuída e pela causa do povo. Quando ela venceu, participei entusiasticamente das comemorações mas fui incapaz de pedir-lhe um emprego. Fui até cogitado para a FGM mas não quis. Sou poeta. Não sou um burocrata.
Aí, com toda honestidade que lhe é peculiar, esta moeda rara hoje em dia nos partidos e em geral, com toda sua lealdade e provando sua consistência ideológica, Lídice fechou com Lula quando o mangangão era o emproado Fernando Henrique Cardoso. Desta fresta aproveitou-se Antônio Carlos Magalhães e jogou o presidente contra a prefeita, uma espúria aliança das direitas com as esquerdas pó-de-arroz, para sabotar a administração de Lídice na Prefeitura. Ela brigou, mas não arredou o pé. Não se entregou nem entregou Lula, pagando um alto preço pela sua coragem e lealdade. Quando é agora, cumprindo um trato de honra, o Partido Socialista Brasileiro retirou-se do governo João Henrique, por oferta em troca da senatoria para Lídice. E na calada da noite, as ratazanas que têm gula mas não têm honra sob a égide do mesmo Lula por quem a moça se sacrificou, preparam-se para dar uma rasteira por detrás na pobre moça que, mais uma vez, será penalizada por ser honesta. Que Bahiazinha de merda, minha gente!
Que partidinho sem categoria!