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Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Exame de Consciência

Por Ildásio Tavares, de Salvador.

Meus caríssimos e pouquíssimos leitores, fiéis eu sei, ao menos nesta leitura de sábado. Eu vos conclamo a que façais um exane completo de consciência sobre aqueles que, com vosso voto, estão governando o Brasil e que só queriam a saída dos militares, para roubarem mais que eles. Sr. Marceneiro. Sr. Médico. Sra. Enfermeira, acabei de sair de uma cirurgia delicadissima que teria ceifado mInha vida, não fora a extrema habilidade do Dr. João Ettinger e de sua equipe, de quem lembro Bruno e Eduardo. Lá estavam curvados cinco horas e meia para salvar minha vida e entregar às mãos não menos habilidosas do corpo de enfermagem, mantendo-me vivo, checando o soro, o antibiótico, varando a madrugada no plantão.

E o Sr. Meu Amigo Mecânico, levantando às seis horas da manhã para se enfiar debaixo de um carro, se sujar todo de graxa, como você, Célio, ali atrás do Lomanto, se arrastando numa tábua pra criar seus filhos. Conserta o carro dos outros e nem um carro tem.

Ao lado, o eletricista se arrisca a levar um choque e o outro forte, espadaúdo segurança de alto nível sabe enfrentar os bandidos, na defesa do que é dos outros, nunca defendendo o seu.

E o senhor, Sr. Bacharel, todo dia lá no fórum, os processos se arrastando e o senhor se arrastando mais. Tudo lá rola e desrola e com sua pastinha debaixo do braço, cata um papel aqui, uma testemunha ali, mete um agravo de instrumento e vê finalmente a vitória surgir da burocracia; surgir do marasmo eterno; surgir deste emperramento da justiça em que o advogado coitado só falta varrer o chão em busca de provas para ele, fruto da inépcia geral que lhe acarreta a justiça.

Bom dia, Sr. Pedreiro, já está rente no batente, tijolo sobre tijolo para fazer um edifício, onde nunca, nunca, nunca, o amigo há de morar. Há de ficar lá embaixo dizendo fui-eu-que-fiz blocobloco, massamassa, muita massa e argamassa e lá em cima os senadores, deputados que com jeito de malandro convenceram-no, Sr. Pedreiro, que vão representá-lo.

Sr. Motorista de Taxi, curvado no seu volante, arriscado, todo dia, ser totalmente assaltado sem levar dinheiro para casa.

Alô Sr. Marceneiro que acordou muito cedinho para fazer um armário, eu estou voltando ao senhor e queria perguntar, se estes caras que se dizem representantes do povo, se eles representam seu trabalho, se eles serram suas madeiras, se eles pregam sua tábuas, se este suor que vejo no seu rosto foi causado pelo paletó e gravata, tudo, tudo importado que eles usam no congresso. Motorista, motorista, eles dirigem seu táxi? Querido cirurgião, foi alguém da equipe deles que fez sua incisão? Sr. Pedreiro, foi alguns dos congressistas que pôs um bloco no prédio onde passeiam com elegância? Então como o representa? Metendo a mão no seu bolso para tomar o seu imposto, enquanto trabalha igual a burro de carga? Pegando os bilhões dos impostos e dividindo com os parentes, o resto botando em Montevideo? Parte da grana usando para tapar a boca dos colegas. Todos doidos para roubar também.

Representantes...

É só votar e virar de bruços.

Já na antiga Roma o senado era conhecido como antro de corrupção, desvios, conchavos e ladroeiras.

Por aqui jamais se soube exatamente o que fazem os senadores, apenas que eles existem, consomem aproximadamente 3 bilhões de reais e tem 2.900 funcionarios.

Mas a questão não é só nossa, alguns discretos protestos emergiram, por onde também há senado e ninguém sabe exatamente o que fazem. E também são muito caros...

Porém aqui a coroação da improbidade, corrupção, nepotismo e simples desonestidade com certeza faria corar qualquer senador romano; corar de inveja e raiva por não ter ousado tanto.

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