Decepcionante
Imaginava o governador do estado homem mais sensível, humano e prático. E preparado. Pensava, em vista de suas propaladas qualidades intelectuais e passado de luta contra as injustiças, ser de todo cunho homem com melhor tino para, quem sabe, até tornar-se um presidente.
Nas disputas verbais com o atual, mostrava-se melhor preparado, sereno. Porém o apelo popular do oponente e vencedor, admita-se era irresistível.
Como não há sucessor ou sucessora com o mesmo flair, é tristemente possível que em sucessão ao atual mandatário o governador assuma mais adiante.
Porém curiosamente trabalha contra, de maneira inexplicável. Talvez cansado, soube ser um incurável insone e homem de nenhum bom humor. Provavelmente a idade atrapalhando, aos 67 anos os projetos de grande envergadura se tornam dolorosos. E após tempos passados como oposição contra a opressão de regime totalitário e adiante contra a atual situação federal, possivelmente em dúvida sobre o acerto de tentar novamente. Pois de certa forma neste mandato apresenta-se despótico, intolerante e perseguidor. Dizem ser coisa de filho único, que é o caso.
Pouco promissor para um presidente.
Sem amplitude necessária.
Basta ver o tempo desperdiçado com a bobagem da perseguição aos tabagistas (a menos que em breve proíbam o voto para fumantes ou candidatos com o vil hábito, daí lucraria muito em termos eleitorais) empregando mais fiscais, comprando várias viaturas e usando do expediente hitlerista da obrigação à denúncia, multando quem não o fizer, interditando estabelecimentos, etc.
Ou, inexplicável, ao verificar importantes segmentos da indústria de equipamentos mecânicos e elétricos estarem agonizantes, praticamente em processo de extinção graças à forte importação de produtos desta área de outros países. Ao invés de ajuda ou permitir-se algum benefício para tentar a sobrevivência consegue apenas, em ato raivoso parece, fiscalizar truculentamente, a aumentar a arrecadação. Não cria eleitores entusiastas, pelo contrário.
Na verdade a atual fúria arrecadadora é um forte freio para votar-se em tal criatura, percebo em conversas com colegas e amigos.
E as picuinhas sobre detalhes da liberdade individual, como a questão do fumo, parece-nos bandeira pessoal do sujeito. Irritando os trabalhadores de bares e restaurantes e todos outros pontos onde fumar é quase crime, com medidas draconianas ao invés de propagar medidas de incentivo à procura de centro de ajuda no combate ao tabagismo.
Diante disto perde-se em frases ridículas, como dizer que seus conterrâneos “não sabem fazer política e o aprendeu com os de outro estado” (ora, se o elegeram...). E descuidando do grande nó da administração pública : a falta de segurança para a população, com o crescimento dos índices, rapidamente. Como por exemplo o roubo de cargas, com aumento de 23% no primeiro semestre.
Como nada faz a respeito, nem comenta, imagino o governador perdeu o tônus. Mostra-se antiquado, ranheta e reacionário.
Parece tem os eleitores como inimigos; apenas os bajuladores, como o prefeito da maior cidade do estado recebem seus agrados, curiosamente de outro partido, este de fato reacionário e antiquado.
O público que se lixe.
Dizem ter 42,8 % de intenção de votos para presidente.
Será?
Tradução H. de Castro & Mello, sobre os intentos do governador de Tsiui, na República Tonguilesa, autoria de J. Roller, 1961.