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Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

A Bíblia e eu

Por Ildásio Tavares, de Salvador.

Nas minhas sucessivas leituras da Bíblia eu me aprofundava no conteúdo humano que me oferecia. As minhas leituras e estudo paralelos enriqueciam o texto sobremaneira. Principalmente depois que li outros pensadores judeus, como Marx e Freud, todos eles imbuídos de deslocar o pensamento antigo, o que não conseguiram porque os acontecimentos do Livro Sagrado estão montados nos arquétipos eternos do ser humano.

Algo que me chamou a atenção de perto, é que a Bíblia é livro estruturado a partir de certa ótica patriarcal. As mulheres não têm grande destaque, muito mal (ou bem) Judith decepando a cabeça de Holofernes, e salvando o povo de Israel. O Livro de Ruth nem aparece em todas bíblias judaicas; e Ruth foi fundamental para a sobrevivência de seu povo. Tenho um amigo que diz Maria foi a primeira deusa judaica, mesmo assim por ser a mãe de Deus.

E não fosse, contrariamente, a importância das mulheres na sociedade germânica e o culto da Virgem teria sido minimizado. Ao serem convertidos, os alemães se apegaram ao culto da virgem.

Mais tarde, o protestantismo, sob a égide de reforçar o monoteísmo vem diminuir, e até zerar, o culto da Virgem.

Em várias passagens da legislação judaica, a figura da mulher é omitida. O caso mais famoso é o de o homem não desejar a mulher do próximo. Onde está a proibição de não desejar o homem da próxima? Da vizinha no hebraico original, o que faz mais sentido porque croquete de boate, pastel de feira e mulher do vizinho são as coisas mais perigosas do mundo. E a mulher não aparece.

A mulher adúltera é punida com o apedrejamento. E o homem adúltero? Nem se fala nele. No Levítico, 20, vêm as prescrições sobre os crimes contra os costumes. A relação do pai com a nora, do pai com a filha da mulher que tomar em segundas núpcias é punida com a morte. Mas o Levítico é omisso quanto à relação do pai com a filha.

Pode-se falar que está implícito, o que estaria muito de longe, mas não é taxativo. Não há artigo para pai e filha.

Não há mulher exercendo cargo de mando, no mundo judaico antigo. Quando assumem, são megeras como Jezebel. E são sempre coadjuvantes. Quando Moisés fundou o estado de Israel que caminha para 6.000 anos (Cadê Roma, cadê Babilônia?) fundou uma clerocracia machista em que 11 tribos trabalhavam e a dele, é claro, nunca, porque iriam administrar a religião. Pagariam um dízimo, todas as outras tribos. Espertíssimo, Moisés e general, fundador do nepotismo e ninguém podia dizer nada.

O coitado do Moisés não sabia que seu exemplo seria alegado por todas as religiões para tomar a grana do povo.

Este nepotismo, com seu irmão Aarão o sumo sacerdote, seria seguido à risca pelo senado brasileiro, em todo seu mosaico.

O Estado de Israel era constituído de doze tribos e os levitas, tradicionalmente cuidavam das coisas religiosas, eram iniciados. Hoje em dia, qualquer um se acha no direito de tomar o dinheiro do povo, qualquer pastorzinho.

O senhor é meu Senador, tudo me faltará.

Amém.

Sem revisão há séculos, escrito por homens de conceitos tribalistas, em terras distantes. Mas sempre atual, curiosamente.

Senadores, assim como as religiões; é de pensar sua real necessidade, diante do quadro desolador da atualidade. Talvez religião seja tênue contra-ponto à total hipocrisia, como na foto...

Um livro deveras masculino, inegável. Machista, dir-se-ia. Seu personagem principal só poderia ser um Homem.

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