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Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

30 de julho e o fim da sanidade?

Ao chegar em casa para o almoço, (sim, sou daqueles ainda almoça em casa, todos os dias) vejo seis carros de polícia, vários uniformizados e algum tumulto pela calçada; certa elegante senhora gesticulando forte. Passei com cuidado, lembrando dos ditos do meu pai referente pessoas armadas: a jamais discutir com elas, ou provocá-las.

Incluía ele policiais, bandidos, barbeiros, garçons de rodízio e jardineiros.

Passado pelos agentes da lei, perguntei à nossa sempre bem informada auxiliar no trato doméstico, o que havia ocorrido. Contou-me o fato, sobre pintor contratado para resolver alguns retoques no vizinho. De carro próprio, com as escadas ao topo chegou, transferiu tudo para o local de trabalho e iniciou. Após algum tempo dispara o alarme do seu automóvel. Acorre ao local e nota havia apenas alguma falha elétrica; fez o negócio disparar.

Segue o trabalho.

De supetão, o novo disparo. Nova investida, silencia o sistema. Continua o bom homem com seu trabalho, quando novamente dispara o alarme de seu automóvel.

Irado, nervosíssimo, o sujeito saca de uma pequena marreta, vai ao seu bólido e com ímpetos de Hércules inicia a destruição, com golpes nos vidros, nas portas, no capuz e por aí vai. Descontrolado, desejoso de cessar a sirene desagradável do velho carrinho. O todavia incessante alarme a virar-lhe, assim diziam no passado, o juízo.

A contratante do serviço de pinturas e retoques recorre à polícia. E esta imaginando alguma rebelião coletiva pela crise econômica e usual inoperância do governo, com medo de questões iranianas ou panelaços similares aos vizinhos platinos, já surge com seis bólidos, 12 policiais, sirenes e luzes.

Quatro policiais o dominaram, algemado foi levado o pobrezinho e seguiu seu carro, destruído, no reboque da lei.

Queimou o fusível, o 30 de julho foi o último na sanidade.

Pobre homem.

Ou nem tanto... dizem na loucura atingida a angústia desaparece.

Preso por destruir o próprio carro e tentar silenciar o irritante alarme...

12 policiais para um pobre irado, destruindo seu próprio carro. O medo da rebelião coletiva?

Comentários (clique para comentar)

Hermógenes de Castro & Mello - 04/08/2009 (09:08)

Feliz aniversário; e espero que ninguém tenha se machucado ou ido preso.

b. picchi - 03/08/2009 (19:08)

nesse mesmo dia, por acaso meu aniversário, ocorreu uma insanidade parecidíssima (omitindo o caso do carro) na mesa em que estava minha família... que coisa... coincidência?

Angelia Teixeira - 02/08/2009 (14:08)

Os humanos sempre a um passo da loucura, desde que o mundo é mundo. Assustador? Somos assim, já dizia o poeta do prosaico.

- 30/07/2009 (16:07)

Bem-aventurados os fracos de espírito, pois deles é o Reino do Céu. Com ou sem marreta...

Cornelia - 30/07/2009 (16:07)

Seelig sind die geistig bekloppten, denn sie brauchen keinen Hammer mehr...