As inutilidades
A diversão de noticiários é que, visto por certos ângulos, são absolutamente desnecessários; trazem informações sabemos impossíveis, inúteis ou apenas informações. Irrita.
Leio aqui o ministro da defesa de nossa varonil e verde-amarela nação achar necessária a construção de um submarino nuclear para defender as áreas de exploração petrolífera no mar.
O país, desde a época dos milicos no poder, já torrou algo em torno de US$ 600 milhões nesta questão inútil. Excetuada uma enorme maquete em Sorocaba, nestes muitos anos o submarino não decolou, digo, afundou. Nem existe, mas poderia ter dado espaço a 600 barcos de patrulha a custo de US$ 1 milhão cada (portanto hiper-equipados) para observar melhor quem anda por nossa costa desguarnecida por completo.
Ultra-centrífugas e excelentes empregos foi o resultado. Tudo bem próximo de São Paulo e do Rio.
E aqui entre nós: no momento em que alguns países se perguntam o que fazer com esta tralha nuclear toda, alguns submarinos da classe já sucateados na antiga URSS, não estaríamos na contra-mão da questão?
Mas o ministro da defesa é homem de larga experiência no assunto. Alíás, em todos os assuntos; desde política partidária a pistas de aeroportos, de supremos tribunais a submarinos. Talvez após Leonardo, o da Vinci, um dos poucos gênios universais.
Ao lado do mais ético dos éticos temos agora um perito mais perito que todos os demais reunidos.
Outra notícia surpreendente é que o papa (perdões pelas minúsculas) agora também é reconhecido em sua autoridade pelas igrejas ortodoxas. Vieram-me lágrimas, quando soube disto. Emoções afloraram em meu penado ser, de tanta glória e alegria. Imaginem só, amigos, que boa notícia. O pobrezinho Ratzinger aclamado, agora reconhecido por quem ousava dizer que o sucessor de São Pedro não teria linha direta com o chefe, nem seria privilégio único da santa igreja romana. Agora, aclama-se que sim, é ele. Que bom e que coisa importante.
Feridão neste país, sofrendo o noticiário com as abobrinhas; incluindo-se na folga o dia da “Consciência Negra”, 20 de novembro. Ato falho horroroso, pois a tentar saudar a questão dos sofridos negros no pais, eleva-se a ato desrespeitoso: "a consciência bem negra têm os brancos que maltrataram a gente; nada há a comemorar", disse-me hoje nosso fiel colaborador, aqui na empresica que trabalho, negro.
Trabalho estupendo da, à época, prefeita Suplício, digo Suplicy.
Nosso feriado municipal (nem todos engoliram...) a criar esta mega-pausa, onde o São Pedro nos parece não se conteve em lamentar-se e chorou.
Confesso que há coisas que não entendo: o descobrimento do país em 22.04, não é comemorado. A libertação dos escravos, definitiva a tentar eliminar a forma discriminadora e opressiva por completo, no 13 de maio de 1888, não é feriado. O descobrimento da América em 12.10, que levou ao do Brasil, nada; virou dia da criança e dia da Santa Padroeira.
Mas somos assim, até nos feriados...