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Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Sem passado?

Domingo de férias escolares, paulistanas, é o momento para verificar o que há de especial a ver. Vazia, explora-se com mais tranquilidade o que a cidade oferece. Descobri alguns pontos de algum tempo me interessavam e, bem, quem tiver paciência, conheça-os também. A cidade não oferece muito em termos não consumistas, entretanto alguma coisa há.

Certa curiosidade e preciosidade, pouquíssimo visitada me parece, é a Casa do Bandeirante no Butantã. Em terreno aprazível, lugar calmo; e por instantes nos leva àquilo São Paulo era em épocas de bandeiras, conquanto possível ignorar-se o barulho para lá escoa das infernais avenidas marginais.

Reconstruída nos anos 1950, a rigor tem apenas a planta básica de acordo com o seria originalmente. Abriga exposições, alguns objetos; todavia pouca coisa relacionada às bandeiras. Na verdade é apenas hipotético o conceito ser casa bandeirante, pouco se sabe sobre o milagrosa e parcialmente preservado legado. São Paulo e suas administrações foram cruéis com o patrimônio arquitetônico, pouco resta de épocas distantes.

Para conhecer melhor recomendo lá ir, com mais detalhes em Casa do Bandeirante. Para adoçar, fotos que fiz, e perdões pela débil técnica na arte, que como todas outras, não domino.

No pólo oposto da cidade, onde me perdia quando moleque (na verdade era a fronteira estabelecida pelos pais para os passeios de bicicleta), descobri o Centro de Arqueologia de São Paulo.

Sem vínculo com universidades, com patrocínio da prefeitura. Como escrevi, por lá me perdia, no Jardim São Bento, a imposta barreira para não ir ao centro da cidade. Ver os aviões pousando no Campo de Marte, meu fascínio juvenil. E sempre curioso com o estranho e abandonado convento lá existia, em meio às poucas casas havia à época nos arredores (hoje diria um dos bairros mais bonitos da cidade).

Pois ao rever recentemente, descobri a restauração do local (era uma espécie de sítio de periferia para os padres do Mosteiro de São Bento).

Sítio Morrinhos é seu nome. Com modesta exposição, absolutamente vazia (eu era o único visitante em um sábado), mostrando materiais escavados, relativamente modernos como xícaras, pratos e amuletos religiosos lá encontrados, assim como em outros sítios de escavação arqueológica na cidade. A descrição das localidades de então e dos povos indígenas do hoje município são porém fascinantes, também recomendo.

Mais em Sitio Morrinhos. São dois locais os quais, fechando os olhos para o entorno, pode-se por alguns instantes apreciar o passado, nesta cidade procura sempre suprimí-lo. Por alguma razão, de maneira muito acentuada. Não sei porque, mas o fazemos.

Somos assim.

Clicando sobre as fotos, ampliam-se.

A Casa do Bandeirante no Butantã. Um pouco da história da cidade.

A calma do local fascina.

Sitio Morrinhos, em um promontório no hoje Jardim São Bento, é obra do século XVIII.

O trabalho das molduras nas portas é admirável.

A cidade ao longe, o verde do Campo de Marte faz imaginar como era naquelas épocas distantes.

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Hermógenes - 20/07/2009 (10:07)

Um detalhe curioso: em todos estes locais por onde andei, não havia mais ninguém excetuado um ou outro funcionário. Sábado retrasado fui ao Centro Cultural São Paulo, ver a exposição de fotos do Fotoclube Bandeirante (não percam seu tempo, é fraca) e era único por lá. Imaginei que estava invadindo, fora do horário. Nada. Ontem domingo fui ao Museu da Imagem e do Som, ver a mostra das fotos do Chris Marker (lamentável, tanto a qualidade quanto a motivação. Além de usar quadros de filmes, seu forte, como fotos). Era o único por lá, 1/2 dia e meia. Já a feira de antiguidades ao lado estava bem visitada. Pergunto-me: a fotografia perdeu o glamour ou as mostras são ruins e propaganda boca-à-boca evita perder-se o tempo? Não obstante, a Casa do Bandeirante e Sitio Morrinhos também estão às moscas...