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Espaço de reflexão Hermógenes de Castro e Mello

Ricardo S. Hanitzsch, PhD (1956 - 2009)

O que dizer?

A partida de um velho e bom amigo é momento de forte dor, compartilhada entre tantos que o conheceram e à distância ou próximos observavam a batalha contra as intempéries de sua conturbada existência. Há cerca de ano e meio verificava eu sua luta constante entretanto aparentando perdida, apesar do esforço hercúleo.

Escrevi sobre tal, me preocupei. Pensei em ajudar, sugeri uma ou outra medida, conversamos. Há duas ou três semanas me relatou sua questão complexa com a doença, queria algum alento dos amigos, sentia-se só.

Doença que por fim o venceu. Eles têm disso, os males, sejam eles quais forem.

A notícia de seu derradeiro descanso veio em dia chuvoso, lúgubre. Em meio a feriado, onde penso nele, nos pais, nas suas filhas amadas e idolatradas e as companheiras. De alguma soturna maneira era previsto, mas não tão cedo, imagine-se. Sempre é demasiadamente cedo, a indesejada antecipação da grande viagem aos braços de Manitou, caso exista.

Peço a este de direito que o tenha deixado ir em meio às brumas do lado melhor do grande mal, que até isso ajuda. Sem dores ou sofrimento, suavemente. Com os santos a escoltá-lo; os tinha até no nome, deve ser de valia. Enfim, como um indeciso e alegre andarilho, mas sempre a caminhar.

Conheci Ricardo aos 13 anos, ele pelos 14-15. Terminamos a mesma escola, a mesma universidade, temos os mesmo amigos. Adiante firmamos a amizade em conjunto com as esposas, os encontros, as viagens de fim-se-semana. Me convencia aos poucos atos de insanidade cometidos (assim eu imaginava), declarando que sem eles a vida não valia a pena. Dizia me conhecer como poucos, penso que com razão.

E me procurou em momentos difíceis, ajudei de alguma maneira, no que podia. Assim como ele me auxiliava com seus conhecimentos acadêmicos, sua amizade incontestada e apaixonante solidariedade.

Brilhante na dialética e no estudo, almejava algo maior, mas perdeu-se nas besteiras miúdas do cotidiano, que lhe eram visivelmente penosas. Sonhava alto, seguiu sonhando e espero que tenha sucumbido em belas divagações oníricas, essas tanto lhe ajudaram na inglória batalha do apenas viver.

Despede-se um tanto cedo, todavia parodiando um outro amigo, também Ricardo, dir-se-ia: um dia a fila anda e parece que nosso protegido meio deu espaço à primeira baixa.

Resquiem in pace, campeão, termo como nos titulávamos mutuamente.

Adeus, campeão.

Comentários (clique para comentar)

Angela - 13/07/2009 (15:07)

....que esteja em Paz! a foto me parece que foi tirada no nosso churrasco em novembro! boas lembranças....todo o meu carinho!!!

- 12/07/2009 (18:07)

Era um bom e generoso amigo...

Thomas Bussius - 11/07/2009 (20:07)

Uma última homenagem a Ricardo pode ser dada amanhã 12 de julho às 14 horas no cemitério da Paz,