Os idiotas
Decerto no serviço público a concentração da imbecilidade é maior. Sem ofensas, mas é muito grande a chance de encontrar alguém estúpido e mal-preparado naquelas áreas do que em ramos do empreendimento privado.
Recentemente acompanhei a quem ilumina o caminho dos meus passos, com facho forte, a exame médico; certa ressonância magnética. O retrato da eficiência, a partir de um privilegiado plano médico, privado. Horário marcado, atendimento cortês, com direito a serviço de estacionamento gratuito e até bolinhos com cafezinho após. Agendado por telefone. Rápido e simples.
Em contrapartida, no mesmo dia, a empresica onde trabalho foi notificada todas as suas contas receberam bloqueio por ordem judicial, referentes à garantia da “execução” (os termos jurídicos refletem bem a idiotice do serviço público) de débitos ligados a multas não pagas no âmbito de segurança do trabalho, contestadas por meio administrativo, antes de ingressar-se em juízo, contra a arbitrariedade.
E um detalhe: multas contestadas em 1996, lavradas por fiscais do trabalho raivosos, ao negar-se a propina pedida.
Jamais houve resposta por parte do órgão, apenas agora a cobrança com a execução.
13 anos após.
Que tal? Depositou-se antecipadamente em juízo, para ingressar na justiça contra a arbitrariedade das multas e provável ilegalidade de cobrá-las treze anos após. A evitar bloqueios.
Porém foi simplesmente ignorado e bloqueio via Banco Central ordenado (para mim isto é furto), em todas as contas da empresa; multas que totalizavam 11.000 reais em 1996, hoje ancoram em cada conta da empresa 60.000 reais, num total de 240.000, para “garantia da execução”.
Outro detalhe: para não ocorrer o bloqueio em todas as contas, faculta a idiotaria seja indicada conta preferencial; foi feito meses atrás.
Ignora-se, porém, alerte-se aqui. Facultam, mas não aceitam! Lógica de idiotas, inegável.
Numa corrida absurda para explicar aos idiotas estavam errados, ouviu-se do imbecil maior o depósito inicial, conhecido como depósito em juízo, havia sido feito com boleto de outra cor... ou seja não é lido, os idiotas só identificam cores.
O escritor Fernando Pessoa por alguma saudável razão nutria certo insalubre ódio a todo aparato do funcionalismo público português, de morosidade extrema, abrigando os piores tipos. Perdedores na vida competitiva aqui fora, os quais abrigados no serviço público detonam as pérolas tanto azedam a vida do cidadão. Procurei este texto do grande escritor, mas não o encontrei. Quem souber de algo...
Para completar e alargar o besteirol público brazuca, vejo aqui as desculpas do chefão destes tribunais hiper-lerdos, informando “lamentar” os transtornos causados pela demora e recusa para embarque de menores em vôos internacionais, em vista de não haver no passaporte desses pequenos a indicação da filiação. E por isto, na provável falta de outros documentos, como a certidão de nascimento ou carteira de identidade no ato do embarque, o jovenzinho conhece a burocracia brasileira e todo seu inegável peso.
Entenda-se: negada a aceitação pela polícia federal do documento emitido pela polícia federal...
São assim.