O que é evidência? Parte 1
Por Jairo Gerbase
No século XVI, chegamos ao apogeu do Renascimento. O que o determinou foi o compromisso entre a mentalidade escolástica e a mentalidade helênica; desse compromisso resultou a modernidade, eu diria, de preferência, a mentalidade elisabetana, que se inicia em clima de ceticismo. A modernidade começa com o mundo incerto. Toda a visão de mundo, de ciência e de filosofia era incerta. Era preciso achar o caminho verdadeiro, o hódos, o método da ciência dos gregos.
Duas grandes orientações metodológicas surgem, então: a de Bacon, da ciência sustentada na observação e na experimentação, e a de Descartes, o racionalismo moderno, que buscava na razão os recursos para a recuperação da certeza científica. Depois de estudar exaustivamente as ciências humanas, Descartes concluiu que elas eram inúteis. Em razão disso, deixa-se seduzir pelas proposições matemáticas devido à certeza e à evidência de suas razões.
Descartes duvida metodologicamente de tudo. Aceita fazer da consciência a navalha entre a certeza e a incerteza. Desse modo encontra as "idéias claras e distintas" porque concebidas da mesma maneira por todos, independentemente dos sentidos. Assim, ele chega ao principio de que "idéias claras e distintas" são evidências.
Há quase quatro séculos somos, direta ou indiretamente, influenciados pelo que Descartes disse no "Discurso do método": "Inexiste no mundo coisa mais bem distribuída que o bom senso, posto que cada indivíduo acredita ser bem provido dele".
Segue
Jairo Gerbase, psicanalista e pensador baiano, médico psiquiatra, conjectura sobre a evidência da psicanálise. Um formidável novo enfoque de algo que tende a tornar-se um tanto dogmático, enfim, certa nova visão dos assuntos do “software” que nos rege, as ações da mente.